O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligou para a atriz Fernanda Torres na tarde desta segunda-feira, 6, para parabenizá-la pela conquista do Globo de Ouro no domingo, 5. Fernanda Torres foi premiada na categoria de melhor atuação em filme de drama pela performance em Ainda estou aqui, dirigido por Walter Salles.
“Eu e a Janja (Rosângela da Silva, primeira-dama) estamos muito felizes. É como se nós tivéssemos ganho o prêmio”, disse Lula. Para o presidente, não houve “momento melhor” para a conquista de Fernanda Torres, pois nesta quarta-feira, 8, será celebrado um ato no Palácio do Planalto em defesa da democracia, em data simbólica referente ao ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Fernanda Torres concordou com o presidente. “Tão bonito vir esse prêmio agora”, disse a atriz, pedindo que o ato pró-democracia seja, também, em memória de Eunice Paiva, viúva do ex-deputado federal Rubens Paiva, assassinado na ditadura militar. “Uma mulher defensora dos direitos humanos, Lula. É muito simbólico”, afirmou a atriz.
Fernanda Torres se tornou a primeira brasileira a ser concedida com o troféu, considerado o maior prêmio da crítica de cinema. A mãe da atriz, Fernanda Montenegro, foi indicada em 1999 pela performance em Central do Brasil, também dirigido por Walter Salles, mas superada pela australiana Cate Blanchett, pelo papel em Elizabeth. Ao receber o prêmio, Fernanda dedicou o prêmio à mãe.
Ainda estou aqui é adaptado de livro de mesmo nome do jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice Paiva. Na adaptação aos cinemas, Eunice é vivida na maior parte do tempo de tela por Fernanda Torres, mas há a participação, no mesmo papel, de sua mãe, Fernanda Montenegro.
Em 1996, foi emitida uma certidão de óbito na qual se reconheceu que Rubens Paiva morreu de forma “não natural, violenta e causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964″.
Apesar do reconhecimento oficial, nenhum dos responsáveis pela morte do ex-deputado foi punido. O principal entrave para a condenação aos responsáveis é a Lei da Anistia, de 1979. O texto perdoou os “crimes” de perseguidos políticos pela ditadura, mas acolheu a tese dos “crimes conexos”, o que, na prática, anistiou também os militares envolvidos nas torturas e mortes promovidas pelo regime.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), órgão internacional ao qual o Brasil está associado, considera crimes de lesa-humanidade como “imprescritíveis e não anistiáveis”. O Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, já consolidou seu entendimento sobre o tema em 2010. Por 7 votos a 2, prevaleceu no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 153 o entendimento de que a Lei da Anistia foi um acordo político para a redemocratização do País.
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