Lula pede para Zé Dirceu se candidatar a deputado federal nas eleições de 2026

Ex-ministro da Casa Civil do primeiro mandato petista foi cassado em 2005 por causa do escândalo do Mensalão; os dois se encontraram em festa de aniversário de Marta Suplicy

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Foto do author Heitor Mazzoco
Foto do author Marcelo Godoy
Atualização:

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou ter sido convocado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para duas tarefas: a primeira seria ajudar a eleição de Edinho Silva à presidência do PT e a segunda ser candidato a deputado federal na disputa eleitoral de 2026.

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A declaração de Dirceu ocorreu neste sábado, dia 15, no galpão cultural Elza Soares (Armazém do Campo do MST), nos Campos Elísios, região central de São Paulo, onde comemora seu aniversário de 79 anos com apoiadores e militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

“O presidente já tinha me convocado para duas tarefas: participar do processo de eleições diretas do PT como militante, claramente apoiando o Edinho e também que eu estudasse a possibilidade de ser deputado federal”, afirmou o ex-ministro. Lula e Dirceu se encontraram na noite anterior, durante um jantar em homenagem à ex-senadora Marta Suplicy (PT), em evento realizado em São Paulo.

Dirceu disse que vai estudar possibilidade de voltar a ser deputado federal no fim do ano. Mas sua candidatura é considerada certa por dirigentes do partido. Durante o almoço – uma feijoada –, o ex-ministro explicitou como deve ser a estratégia até lá.

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“Apoiar o presidente, buscar saídas para os problemas que enfrentamos no País, situação internacional é muito grave”, afirmou o petista. “Dentro do País, começa uma quinta coluna, bolsonarista, que se alia ao trumpismo, contra os interesses nacionais, sabemos que eles ameaçam a democracia.”

Lula e Zé Dirceu se encontraram no aniversário de Marta Suplicy, em São Paulo: 'Sempre juntos', publicou o ex-ministro Foto: Reprodução via @zedirceuoficial/Instagram

Dirceu foi deputado federal entre 1999 e 2005 (venceu as eleições de 1998 e 2002), mas foi cassado em 2005 no escândalo do Mensalão. Foi preso em 2013, após ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 7 anos e 11 meses de prisão. Anos depois, foi detido três vezes durante a Operação Lava Jato, quando foi condenado pelo então juiz Sérgio Moro a 23 anos de prisão.

Mais tarde, o ex-ministro viu as ações contra ele serem anuladas pelo STF na esteira do movimento que levou à revisão de outras condenações, como as de Lula. “Antes de eu ser preso no mensalão e três vezes na Lava Jato, processos que estão todos anulados, eu sempre fiz festa. E voltei a fazer. É bom comemorar”, disse,

Em festa de Dirceu, Suplicy entrega livro sobre renda básica de presente a ex-ministro Foto: Marcelo Godoy / Estadão

Dirceu pagou ao MST R$ 10 por prato de feijoada servido em festa

O ex-ministro bancou o almoço servido na festa com a contribuição de R$ 10 ao MST para cada prato de feijoada. Eram aguardadas ao menos mil pessoas no evento, o que faria o petista desembolsar R$ 10 mil pela comemoração. Dirceu explicou que pretende ajudar o governo como “militante do PT”. “Tenho amigos em outros partidos e no PT também. O que eu posso fazer agora é colocar essa experiência à serviço do governo Lula e do PT.”

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De acordo com a descrição do convite para o evento, a “Feijoada Zé Dirceu” é realizada para celebrar “não apenas mais um ano de vida de nosso companheiro Zé Dirceu, mas também toda sua trajetória como um verdadeiro lutador pela democracia e pelos direitos sociais no Brasil”. Como mostrou o Estadão, grupo de aliados articula a candidatura de Dirceu para Câmara dos Deputados no ano que vem.

Dirceu, Suplicy e Abdael Ambruster, coordenador nacional do segurança pública do PT Foto: Marcelo Godoy / Estadão

Ainda segundo a descrição do evento organizado pelo MST, “sua dedicação e coragem durante os momentos mais difíceis da nossa história são inspirações para muitos”. Chegaram ao evento, até por volta das 14h, deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), o ex-deputado estadual Adriano Diogo, o deputado estadual Eduardo Suplicy, Clara Charf, viúva de Carlos Marighella, e Gilmar Mauro, do MST.

Dirceu ao chegar na região central de São Paulo para feijoada com militantes do MST Foto: Marcelo Godoy / Estadão