EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Economista

Opinião | Lula precisará ser mais explícito com sua agenda econômica

Para o segundo turno, ex-presidente tem o desafio de manter um diálogo mais explícito com o establishment econômico sobre seu plano de governo

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Laura Karpuska
Atualização:

O primeiro turno das eleições gerais mostrou uma consolidação da direita com o bolsonarismo no Brasil. O grande destaque ficou no Legislativo. MDB e PSD que tinham a maior bancada no Senado perderam o posto para o PL e o União Brasil, partido resultante da fusão do DEM com o PSL.

PUBLICIDADE

Ricardo Salles, Marcos Pontes, Damares Alves, Eduardo Pazuello são alguns nomes que saíram do governo Bolsonaro como indicações políticas e foram sancionados pelo voto popular para ocupar cadeiras na Câmara dos Deputados, apesar do desempenho como ministros.

A disputa presidencial ficou mais acirrada do que indicado pelas últimas pesquisas, sugerindo que há certo constrangimento de parte do eleitorado para declarar seu voto aos pesquisadores. A diferença entre Lula e Bolsonaro é de 5 milhões de votos, com 98% das urnas apuradas. A campanha será difícil e os candidatos usarão todos os instrumentos possíveis para angariar votos.

Para Lula, a melhor estratégia parece ser fazer alianças para buscar os eleitores de Simone Tebet e Ciro Gomes. Com 8 milhões de votos, alianças com a terceiro e o quarto colocados na disputa presidencial ditará a possibilidade de Lula vencer a estratégia bolsonarista.

O ex-presidente Lula discursa após apuração das urnas Foto: Sebastião Moreira/EFE

Além disso, Lula precisará ser mais explícito com sua agenda e seu time econômico. Quem será seu ministro da economia caso ganhe? Em pesquisas informais que circulam no mercado financeiro, a maioria dos analistas acredita que o melhor para o Brasil é uma vitória de Bolsonaro nas eleições. Lula tem o desafio de manter um diálogo mais explícito com o establishment econômico sobre seu plano de governo. Bolsonaro já havia usado a máquina do governo para tentar vencer as eleições.

Publicidade

Este ano, estima-se que Bolsonaro gastou R$ 41 bilhões na PEC de bondades. Auxílio Brasil expandido sem desenho ou análise técnica, vale-taxista, vale-caminhoneiro, auxílio gás e subsídio a combustível não apenas custaram caro para os cofres públicos como também enfraqueceram nosso sistema de accountability orçamentário, possibilitando aumentos de despesas fora do teto de gastos e em período eleitoral.

A disputa acirrada também pode contar com uma piora da desinformação. Em 2018, a organização Avaaz estimou que 98% dos eleitores foram expostos a notícias falsas – e 89% acreditaram que as notícias fossem verdadeiras. Segundo o Aos Fatos, no mesmo período fake news foram compartilhadas quase 4 milhões de vezes. Com um segundo turno apertado, é esperada uma piora da desinformação e dos ataques diretos dos candidatos. Quem perde, somos nós.

Opinião por Laura Karpuska

Professora do Insper, Ph.D. em Economia pela Universidade de Nova York em Stony Brook

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.