BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou, nesta segunda-feira, 23, com o ex-vocalista do Pink Floyd, Roger Waters, no gabinete da Presidência do Palácio do Planalto. Waters é crítico do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e já chamou o ex-chefe do Executivo de “porco neofacista” em apresentações realizadas no Brasil.
A visita de Waters no Planalto foi compartilhada por Lula no X (antigo Twitter). O presidente disse que o ex-Pink Floyd tentou visitá-lo em 2018, enquanto estava preso por conta da Operação Lava Jato em Curitiba, mas o encontro não foi concretizado.
Segundo o Planalto, Waters disse a Lula que deseja ver a expansão da Declaração Universal dos Direitos Humanos no mundo. Lula disse ao artista que “não se conforma” que o planeta gaste a sua capacidade tecnológica para investir em armas em vez da erradicação da pobreza.
Waters está realizando uma turnê global de despedida dos palcos. Nesta terça-feira, 24, ele se apresenta em Brasília. No sábado, 28, no Rio de Janeiro. A agenda também conta com shows em Porto Alegre (1/11); Curitiba (4/11); Belo Horizonte (8/11) e São Paulo (11/11).
Waters chamou Bolsonaro de ‘porco fascista’ durante eleições de 2018
No início de outubro de 2018, quando o Brasil vivia uma polarizada campanha presidencial entre Bolsonaro e o agora ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), Wate\rs se apresentou na turnê “Us + Them” e causou polêmica ao criticar diretamente o então candidato do PSL. O artista exibiu no telão o nome do ex-presidente e de outros políticos da direita política, o associando com o ressurgimento do neofascismo no mundo junto à frase “fuck the pigs!” (foda-se os porcos).
“Em algum ponto vocês vão ter que decidir quem querer ver como presidente. Eu sei que não é da minha conta, mas quero dizer que em geral sou contra o ressurgimento do fascismo no mundo inteiro. E com fé nos direitos humanos, o que inclui o direito de protestar pacificamente, eu preferiria não viver sob o governo de alguém que acredita que a ditadura militar é uma coisa boa. Eu me lembro dos dias ruins na América do Sul, com as ditaduras, e era feio”, disse Waters durante o show.
Em outro show realizado no dia seguinte, Waters trocou o nome de Bolsonaro pela frase “ponto de vista político censurado”. Na véspera das eleições que deram a vitória ao ex-presidente contra Haddad, o artista gritou “ele não” - frase utilizada pela oposição ao candidato do PSL durante a campanha - no Estádio Couto Pereira, em Curitiba, dividindo o público entre aplausos e vaias.
Em uma entrevista à Folha de S. Paulo em setembro do ano passado, Waters mostrou que ainda se apresenta como um opositor ao ex-presidente: “De longe, vi a covid no Brasil e a bagunça pavorosa que o governo fez disso. Tenho lido muito sobre as coisas que Bolsonaro diz. Ele é um porco fascista convicto, como sabemos”, afirmou.
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