Lula propõe a Biden governança global para o clima e EUA anunciam ‘apoio inicial’ ao Fundo Amazônia

Em encontro, brasileiro fala em Amazônia ‘não como um santuário da humanidade, mas como um centro de pesquisa’ mundial; presidentes ressaltam defesa da democracia

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Foto do author Gustavo Queiroz
Atualização:

WASHINGTON E SÃO PAULO - Os Estados Unidos sinalizam “apoio inicial” ao Fundo Amazônia em comunicado conjunto com o Brasil divulgado pelo Itamaraty, nesta sexta-feira, 10, após o encontro dos presidentes Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva. A jornalistas, o petista também defendeu a existência de uma “governança global” para a questão climática, que passaria por reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Lula afirmou ainda que Brasil não vai “transformar a Amazônia em um santuário da humanidade” e nem “abrir mão de sua soberania”. “O que nós queremos na verdade é compartilhar com a ciência do mundo inteiro um estudo profundo sobre a necessidade da manutenção da Amazônia, mas extrair da riqueza da biodiversidade, algo que possa significar a melhoria da qualidade de vida das pessoas que moram lá”, completou o presidente.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva em visita ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Foto: Divulgação

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Segundo Lula, os dois presidentes não discutiram diretamente o investimento no Fundo Amazônia, mas o petista apresentou a necessidade de os países ricos financiarem aqueles que têm florestas.

“Eu não discuti especificamente um fundo amazônico, eu discuti a necessidade dos países ricos assumirem a necessidade de financiar todos os países que têm florestas. Só na América do Sul, além do Brasil, nós temos Equador, temos a Colômbia, temos o Peru, temos a Venezuela, temos as Guianas, ou seja, nós temos vários países que nós temos de cuidar, então não tratei especificamente do fundo da Amazônia. Tratei da necessidade de preservar”, disse.

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Criado em 2008 por meio de um decreto, o Fundo nasceu com o objetivo de captar doações monetárias e reverter em investimentos em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além de promoção da conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal. Gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a iniciativa foi paralisada em abril de 2019, no governo Bolsonaro, e retomada por Lula em janeiro deste ano. Hoje, conta com US$ 1,2 bilhão de recursos captados pela Noruega e da Alemanha.

Depois de anos tentando aportar recursos para apoiar a proteção à Amazônia, os EUA mostraram uma maior disposição à frente. “Como parte desses esforços, os Estados Unidos anunciaram sua intenção de trabalhar com o Congresso para fornecer recursos para programas de proteção e conservação da Amazônia brasileira, incluindo apoio inicial ao Fundo Amazônia, e para alavancar investimentos nessa região muito importante”, apontou o comunicado conjunto de EUA e Brasil, publicado nesta noite.

Governança

“O Brasil volta ao cenário mundial utilizando sua potência política para que a gente possa junto com outros países cumprir a tarefa que temos que cumprir com a humanidade”, disse Lula. Ele defendeu “uma governança global com mais autoridade”, para a questão climática, que incluiria alterações no Conselho de Segurança das Nações Unidas. “Que outros países possam participar do Conselho de Segurança para que algumas decisões de ordem climática sejam tomadas a nível internacional.”

A proposta foi reafirmada no comunicado emitido pelo Itamaraty, em que Lula e Biden pedem o fortalecimento de instituições multilaterais, como o G20, e uma “reforma significativa” do Conselho de Segurança, com a inclusão de assentos permanentes para países na África e na América Latina e Caribe.

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Guerra na Ucrânia

No comunicado, os líderes ainda defendem uma “paz justa e duradoura” em relação à invasão russa à Ucrânia, prestes a completar um ano, urgência à crise climática e o combate ao extremismo e à violência política após os atos antidemocráticos ocorridos no Brasil, em 08 de janeiro, e no Capitólio, nos EUA, há cerca de dois anos.

Os presidentes lamentaram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como violações flagrantes do direito internacional. Conforme o comunicado, os líderes expressaram preocupação com os efeitos globais do conflito na segurança energética e alimentar, especialmente nas regiões mais pobres.

Encontro

No primeiro encontro com de Lula com Biden após sua posse, os presidentes evidenciaram a “natureza vital e duradoura” da relação entre Brasil e os EUA e uma agenda comum com foco no fortalecimento da democracia, a promoção do respeito aos direitos humanos e o enfrentamento da crise do clima. “Ambos os líderes notaram que continuam a rejeitar o extremismo e a violência na política, condenaram o discurso de ódio e reafirmaram sua intenção de construir resiliência da sociedade à desinformação e concordaram em trabalhar juntos nesses assuntos”, diz o comunicado.

Por fim, Lula convidou Biden a visitar o Brasil, e o norte-americano aceitou o convite, segundo o documento. “Os dois líderes comprometeram-se a ampliar seu diálogo e buscar cooperação mais profunda em preparação para a celebração do bicentenário das relações diplomáticas Brasil-EUA em 2024″, finalizaram.

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