O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta terça-feira, 15, o projeto de lei que reconhece o ex-governador de Pernambuco e ex-ministro Eduardo Campos como Herói da Pátria. Campos morreu aos 49 anos, vítima de um acidente aéreo em Santos (SP) durante sua campanha à Presidência, em 2014.
A solenidade de assinatura do texto contou com a presença do deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) e do prefeito de Recife, João Campos (PSB), filhos do ex-governador. Sua viuva, Renata Campos, também esteve presente.
Segundo Pedro, o projeto de lei surgiu “a partir da lembrança e da saudade” de dez anos da morte do pai, completados em 13 de agosto.
“Como filho, já nasci tendo ele como herói, mas cabia ao Pedro Campos relatar como ele tinha sido herói para a pátria”, afirmou o deputado, que foi relator do projeto na Câmara.
Lula exaltou a trajetória do ex-governador e afirmou que sua inclusão no livro dos heróis serve para mostrar à sociedade que o político “pode ser humano”.
O presidente também teceu críticas à esquerda, que, segundo ele, dá mais atenção àqueles que são criticados por ela do que exalta os que fazem parte do grupo.
“(Uma vez) eu disse que a esquerda tinha uma deficiência muito grande. A gente passava o tempo inteiro criticando os assassinos, e a gente não valorizava os mortos, ou seja, ao invés de a gente enaltecer os nossos heróis que morreram na luta contra a ditadura militar, a gente ficava enaltecendo os autores da morte. Era uma inversão. É que os assassinos ficavam mais conhecidos do que as pessoas que tinham sido vítimas. E a gente, então, não ia construindo nenhum herói”, disse Lula.
Livro de aço
Apesar da lei sancionada, o nome de Eduardo Campos ainda não poderá figurar, de fato, no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. Também conhecido como Livro de Aço — já que as páginas são literalmente feitas com esse material —, ele não tem mais páginas para incluir os nomes já aprovados.
A criação de novas páginas demandaria a abertura de processo licitatório para a contratação de um artesão que fosse capaz de incluir essas páginas novas sem alterar a obra de maneira expressiva. Além disso, a alteração precisaria passar pelo crivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que é um bem tombado.
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Para ser incluído, o homenageado precisa ter falecido ou estar presumidamente morto há pelo menos dez anos. Combatentes mortos em batalha não entram nessa regra.
O último nome a ser registrado foi o de Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos, em 2018. Com Campos, chega a 26 o número de homenageados cujos nomes aguardam registro nas páginas de aço. Na lista estão personagens como Juscelino Kubitschek, Ulysses Guimarães, Chico Xavier e Padre Cícero.
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