O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou ao presidente da Bolívia, Luis Arce, que apoiaria a aceleração da integração do país ao Mercosul, caso seja eleito, durante uma reunião a portas fechadas em um hotel de São Paulo nesta segunda-feira, 5.
O encontro fez parte da agenda de campanha do petista. A passagem de Arce pelo Brasil é marcada também pela ausência de agendas com o presidente Jair Bolsonaro (PL), ou com integrantes de seu governo.
Filiado ao Movimento ao Socialismo, o presidente boliviano foi ministro das finanças de Evo Morales, que governou a Bolívia entre 2006 e 2019, e apoia Lula abertamente. Quando eleito, em 2020, Arce foi cumprimentado por todos os líderes de países latinos, exceto Bolsonaro.
Da reunião, também participaram o ex-ministro Aloizio Mercadante, o ex-prefeito Fernando Haddad, candidato do PT ao governo de São Paulo, e o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.
Na saída do evento, Amorim, o único a conversar com jornalistas, disse que Lula assumiu o compromisso de ajudar a Bolívia a se integrar ao bloco econômico. “Não tenho a menor dúvida que (um eventual governo Lula) fará esse esforço”, disse.
O Protocolo de Adesão da Bolívia ao bloco econômico sul-americano foi assinado pela totalidade dos Estados membros em 2015 e se encontra, agora, em processo de incorporação pelos Congressos dos países. De acordo com Amorim, a informação mais recente é de que a última etapa pendente é a aprovação pelo Congresso brasileiro.
De acordo com o ex-chanceler, a integração da Bolívia é importante para relações internacionais com países da Europa e China, por exemplo. Amorim disse ainda que a nação boliviana funciona como ponto de união na comunidade andina que, segundo ele, vem se fortalecendo com a possibilidade de entrada da Argentina e do retorno do Chile e da Venezuela.
“A Bolívia é o único país da América do Sul que participa dos três grandes ecossistemas: Amazônia, Prata e Andina – nem o Brasil, que é grande, nós não estamos nos Andes. Então, falou-se muito da integração e de trabalho na região, das possibilidades de investimento em infraestrutura”, disse Amorim.
Questionado se o presidente boliviano se queixou, durante a reunião, a respeito da atual relação com o governo Bolsonaro, Amorim desconversou. “Queixa? De que? Pergunte a eles”, disse.
Amorim comentou ainda sobre a rejeição à nova proposta de Constituição do Chile. Segundo ele, o presidente Gabriel Boric “reconheceu com humildade” a derrota. “Há de certa maneira lá (...) duas decisões: uma decisão que foi tomada lá atrás que era necessário começar um processo constituinte. E houve uma segunda decisão depois que foi rechaçar o resultado. Não pode abandonar nenhuma das duas instruções. E acho que isso que vai acontecer”, avaliou Amorim.
Neste domingo, 4, os chilenos rejeitaram em referendo o novo texto constitucional. A nova Constituição substituiria a Carta de 1980, imposta na época da ditadura de Augusto Pinochet. Ela era crucial para as reformas propostas pelo presidente Boric, que fez campanha pela aprovação – e perdeu. Ele prometeu promover um novo e rápido.
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