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Chanceler de Lula anuncia retomada de relação com regime chavista e viagens a Argentina, China e EUA

Novo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira diz que prioridade do País é retomar acordos bilaterais, além de relações com a Venezuela e governo Maduro, que foram rompidas por Bolsonaro; presidentes de 17 países já confirmaram presença em cerimônia de posse de Lula

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Foto do author André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – O novo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou nesta quarta-feira, 14, as primeiras viagens internacionais que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fará, ainda no primeiro trimestre de 2023. Lula terá encontros bilaterais com os governos da Argentina, Estados Unidos e China.

“Essas visitas ocorrerão brevemente, no início de seu mandato, nos primeiros três meses, no máximo, eu imagino”, disse Vieira. Ele acrescentou que a prioridade é “restabelecer mecanismos de contato” com vizinhos da América Latina e “reconstruir pontes” com países como Estados Unidos e China, além da União Europeia e da África.

Futuro ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira diz que governo Lula reconhece a presidência de Nicolás Maduro na Venezuela, mas que presença de Maduro em posse de Lula ainda não está confirmada FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: WILTON JUNIOR

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O embaixador destacou que outra prioridade será retomar atividades do Brasil em fóruns internacionais, como a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos - Celac) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). “Teremos uma volta a esses organismos, mas com olhar novo, porque o mundo mudou. Será olhar novo, construtivo, com solidariedade, visando sempre a colaboração entre países em desenvolvimento”, disse.

Vieira afirmou que o Brasil vai, de fato, se apresentar para sediar, na Amazônia o encontro da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), conforme Lula já havia sinalizado durante a COP27, no Egito, e que o País pretende sediar a COP30 no Brasil, que ocorrerá em 2025. “Vamos tomar todas as medidas para que seja o Brasil o País sede”, observou.

Ele confirmou que escolheu a embaixadora do Brasil na Romênia, Maria Laura Rocha, como secretária-geral do Itamaraty, o cargo mais alto da carreira diplomática. “A embaixadora não precisa de apresentações. É uma diplomata experimentadíssima e já foi chefe de gabinete de ministros. Foi embaixadora da Unesco e da FAO”, disse.

Questionado se o Brasil vai continuar a buscar seu ingresso na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os países mais ricos do mundo, Vieira respondeu que o tema ainda será examinado.

“Vamos examinar, eu acabo de chegar. É um processo que já vem que está adiantado. Eu tenho certeza de que há pontos muito positivos e importantes, que serão examinados. Terei reuniões ainda sobre esse aspecto, não tenho mais nada a avançar neste momento.”

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Venezuela

O novo governo também pretende retomar as relações diplomáticas com a Venezuela, que vive um regime chavista. O governo do presidente Jair Bolsonaro havia rompido com a gestão de Nicolás Maduro. Vieira afirmou que o governo Lula vai reconhecer Maduro como o presidente, de fato, do país vizinho.

“O presidente (Lula) me instruiu que restabelecêssemos as relações com a Venezuela, o que faremos a partir do dia primeiro de janeiro, enviando, em um primeiro momento, um encarregado de negócios para retomar os prédios que temos lá, e reabrir a embaixada. Posteriormente, também vamos indicar um embaixador junto ao governo venezuelano.” Questionado se o governo Lula deixará de reconhecer o governo de Juan Guaidó, o ministro disse que Lula vai reconhecer “o governo que foi eleito e que está lá, que é o governo do presidente Maduro”.

Perguntado sobre o convite para que Maduro compareça à cerimônia de posse de Lula, o embaixador Fernando Igreja, que apoia a organização da posse, disse que o presidente venezuelano foi convidado, mas que sua presença ainda não está definida, devido ao impedimento de entrada de Maduro no Brasil e de outras autoridades da Venezuela, por decisão do governo Bolsonaro.

“Nós ainda não sabemos se o presidente da Venezuela poderá estar presente, mas está sendo feito contato pelo governo do presidente Maduro”, disse Igreja, acrescentando que ainda não foi discutida pelo Itamaraty a possibilidade de emitir um “salvo conduto” para que Maduro entre no Brasil.

Posse de Lula

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Ao todo, presidentes de 17 países confirmaram presença na posse de Lula, em 1.º de janeiro de 2023. Segundo Fernando Igreja, responsável pela cerimônia de posse, estarão presentes no ato de posse os presidentes de Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Guiana, Guiné-Bissau, Paraguai, Portugal, Suriname, Timor Leste, Uruguai e Zimbábue.

Há, ainda, confirmações de outras autoridades de países como Costa Rica, Panamá, México, Palestina e Turquia. O embaixador Fernando Igreja disse que a posse deve ter o maior número de chefes de Estado já feita.

A respeito da utilização do Rolls-Royce pelo presidente Lula, veículo que, segundo a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, teria sido danificado, o embaixador disse que a situação do carro vai ser verificada pela Polícia Federal. “O carro deverá estar à disposição da Polícia Federal em breve, que fará uma avaliação, se o presidente poderá usá-lo ou não”, comentou.

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Igreja não deu detalhes sobre novas medidas de segurança para a posse, após os atos criminosos e de violência praticados por bolsonaristas radicais nesta semana, em Brasília, mas afirmou que todas as medidas estão sendo tomadas para garantir um evento sem qualquer tipo de intercorrência.

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