BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender uma governança “republicana” com governadores de oposição. O presidente disse não querer saber se os gestores estaduais, citando Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, são ligados a políticos de oposição.
“Temos que governar de forma republicana. Não quero saber se o Ratinho é ligado a fulano de tal, se Zema é ligado a fulano de tal. Quero saber que eles são governadores de um Estado que tem gente importante, Estado importante para o Brasil, e nós vamos fazer as coisas”, disse, em entrevista à Rádio T, do Paraná, nesta quinta-feira, 15.
Não é a primeira vez que Lula diz que não relaciona posicionamento político a pedidos de governadores de oposição para o governo federal. No mês passado, o presidente queixou-se da ausência de alguns governadores nos eventos do Palácio do Planalto. “Ora, não é porque o governador do Pará é oposição, porque o de São Paulo é oposição, que eu vou deixar de atender os projetos”, afirmou em solenidade em Brasília em que ministros anunciaram medidas da nova etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 26 de julho.
Na ocasião, o petista defendeu a formação de parcerias entre os entes federados para a realização de obras, independentemente de discordâncias políticas. “Nós queremos dizer: o governo federal, em parceria com o governo do Estado, em parceria com os municípios, estão fazendo tal coisa por respeito ao povo e para que o povo também aprenda a respeitar os entes federados”, disse. “Porque, senão, o País desanda, o mau humor toma conta da sociedade.”
Em seguida, Lula citou a ausência de “alguns” governadores e fez uma referência implícita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Alguns não têm comparecido, possivelmente, ainda pela imagem negativista de um presidente da República que só viajava para o Estado que ele gostava, para atender amigos, e não dava importância para aqueles que pensassem diferente dele. É uma coisa absurda”, afirmou.
Leia também
“O que nos dá direito de andar de cabeça erguida é que a gente não prioriza o governante. A gente prioriza a importância da obra e os benefícios que aquela obra leva para a população daquele município, independentemente se o prefeito é corintiano, são-paulino, palmeirense, flamenguista ou botafoguense”, disse Lula.
No início deste mês, o presidente disse também que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é seu “adversário político”. Apesar disso, o chefe do Executivo federal disse que não deixará de investir em Estados governados pela oposição, citando, na ocasião, São Paulo e Santa Catarina, comandado por Jorginho Mello (PL).
“O governador de São Paulo é adversário político meu. Vamos fazer investimentos de R$ 14 bilhões financiados pelo BNDES. E vamos fazer, não é por causa do governador, vamos fazer porque o povo de São Paulo merece, porque o povo de Santa Catarina merece”, comentou o presidente em evento de inauguração do Contorno Viário de Florianópolis, em Santa Catarina no último dia 9. Na ocasião, ele lamentou a ausência de Jorginho Mello. “A gente não olha a cara do governador, a gente olha a necessidade do povo”, afirmou.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.