Malafaia pressiona bancada evangélica a apoiar anistia dos réus do 8 de janeiro

Para o pastor, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, a defesa da proposta que concede “perdão” aos presos e investigados pelos atos golpistas é um “clamor por justiça”

Foto do author Adriana Victorino

O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, cobrou da bancada evangélica no Congresso Nacional apoio ao projeto de lei da anistia, que propõe o “perdão” a investigados e condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Malafaia classificou a defesa da proposta como um “clamor por justiça”.

“A injustiça clama a Deus, e nós, evangélicos, temos um salmo que diz que o trono de Deus é o centro da Justiça. Acredito que entre sete e nove partidos vão pedir urgência na tramitação. Não vai ser molezinha, não”, afirmou o pastor em entrevista ao jornal O Globo.

Pastor Silas Malafaia. Foto: Marcos Correa/Marcos Correa

Segundo ele, a oposição terá dificuldade para barrar o projeto no Legislativo. A estimativa de Malafaia é que 90% da bancada evangélica vote a favor da proposta.

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Um levantamento exclusivo feito pelo Estadão mostrou que mais de um terço dos 513 deputados apoiam a anistia aos presos do 8 de janeiro. A pesquisa ouviu 420 deputados, um total de 82% da Câmara. Já são 191 votos a favor da anistia. Esse número é mais do que o suficiente para garantir a apresentação da urgência do projeto de lei no plenário da Casa, ideia apresentada pelo PL, e está a 67 votos de atingir a maioria absoluta da Câmara.

Malafaia também afirmou que a pauta da anistia “furou a bolha de Bolsonaro” principalmente após o voto do ministro do STF Alexandre de Moraes, que condenou a cabeleireira Débora Rodrigues a 14 anos de prisão por depredar a estátua da Justiça com a pichação “Perdeu, mané”. O ministro Flávio Dino acompanhou o voto de Moraes.

Na segunda-feira, 24, o ministro Luiz Fux pediu vista e suspendeu o julgamento de Débora. Fux explicou que precisa de mais tempo para analisar a dosimetria da pena e sinalizou que pode sugerir uma redução. O procurador-geral Paulo Gonet defendeu nesta sexta-feira, 28, que o STF coloque a cabeleireira em prisão domiciliar pelo menos até que ela seja julgada.