Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito de São Paulo, disse na manhã desta segunda-feira, 16, que apresentará pedido de cassação do registro de candidatura de José Luiz Datena (PSDB) após ter sido agredido pelo tucano com uma cadeira no debate da TV Cultura. O influenciador falou com a imprensa ao deixar o Hospital Sírio-Libanês, usando uma tipoia e uma tala ortopédica, para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). O hospital não divulgou boletim médico — Marçal afirma ter fraturado o sexto arco costal e machucado a mão.
Advogado do PSDB, partido de Datena, Guilherme Ruiz avalia que o pedido de cassação não avançará. “Na legislação eleitoral não há previsão de cassação por agressão física. Datena continuará sendo candidato. Marçal, por outro lado, poderá ficar inelegível em face da ação por abuso do poder econômico movida pelo partido de Tabata”, disse.
Mais cedo, o apresentador divulgou uma nota em que reconhece que errou ao agredir o adversário, mas diz não se arrepender e que repetiria a cadeirada diante dos ataques que Marçal tem feito contra ele e os demais candidatos. Embora tenha cancelado compromissos de campanha nesta segunda-feira, entre elas a sabatina do Estadão, Datena reafirmou que sua candidatura está mantida. Tanto ele como Marçal estão confirmados no debate promovido pela Rede TV em parceria com o portal Uol na terça-feira às 10h30m.
“Nós vamos pedir a cassação do registro dele. Nós vamos pedir tudo o que precisa ser pedido em nome da sociedade”, disse Marçal na saída do hospital. “Ontem eu fui vítima do Datena, mas eu não sou vitimista. Nós vamos para a guerra. Foi só um esbarrão, não é, Datena?”, acrescentou ele. Depois, Marçal disse que no seu entendimento a cadeirada deveria ser enquadrada juridicamente como “tentativa de homicídio”. Após a agressão, o advogado do candidato do PRTB registrou boletim de ocorrência como “lesão corporal”.
O desentendimento entre os dois ocorreu quando o ex-coach chamou Datena de “jack”, gíria utilizada na prisão para se referir a estupradores, e mencionou uma acusação de assédio sexual de uma repórter contra o apresentador, que respondeu que a denúncia havia sido arquivada por falta de provas.
Em seguida, Marçal disse que o adversário “não era homem” para agredi-lo como havia ameaçado há cerca de duas semanas no debate da TV Gazeta. Datena, então, deixou seu púlpito, pegou uma cadeira e a arremessou contra o influenciador.
“Quem plantou essa agressão? A própria pessoa. Datena começou fazendo gracinha. Ele tem uma pauta ali com o consórcio comunista do Brasil de me acusar de coisas que eu nunca fiz. Me acusou, levei na altura. Ele levantou uma mentira e eu pus só uma verdade na frente dele. Não suportou”, disse Marçal.
Antes da agressão, ele havia sido chamado por Datena de “ladrãozinho de banco acusado e condenado”, em referência à condenação, já prescrita, por participar de uma organização criminosa que aplicava golpes bancários. Nesta segunda-feira, Marçal também mencionou uma entrevista antes do debate começar na qual o apresentador diz “eu choro, sorrio, se precisar dar porrada, dou porrada”.
“Ele premeditou isso”, disse o ex-coach, negando ter “arregado” para Datena. “Eu poderia tomar aquele banco daquele velho tarado e sentar na cara dele. Eu queria ver onde que eu estaria agora. Eu não arreguei, não dei um passo pra trás”, continuou.
Marçal confirmou a informação revelada por Datena de que enviou mensagens ao apresentador antes do debate pedindo desculpas pelas acusações trocadas em encontros passados. O tucano declarou que o material expõe a falta de caráter de Marçal ao tentar uma trégua nos bastidores, mas continuar com a postura agressiva durante o debate.
“Mandei mensagem, sim. Mandei falando ‘isso aqui tá parecendo um zoológico. Você não precisa fazer isso. Me perdoe falar qualquer coisa sua, mesmo que seja verdade’. Ele expôs só um pedacinho da mensagem. Posta tudo, posta sua resposta também. Eu esperava a civilidade sua no debate. Eu, em momento algum, entrei em debate para quebrar ninguém no meio”, continuou o influenciador.
Mais cedo, Datena reafirmou, em nota, a continuidade de sua candidatura, disse que não defende o uso da violência e reconheceu que errou. Ele porém, declarou que não se arrepende do que fez e justificou que repetiria o gesto diante das agressões, verbais, de Marçal contra ele e outros candidatos.
“Eu sou um cara de verdade e, com um gesto extremo, porém humano, expressei minha real indignação por ter, de forma reiterada, sido agredido verbal e moralmente por um adversário que, como todos têm podido constatar, afronta a todos com desrespeito e ultraje, ao arrepio da ética e da civilidade. As acusações que Marçal me fez diante de milhões de pessoas são graves. E absolutamente falsas”, disse Datena.
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Ele declarou ainda que preferia que o episódio não tivesse ocorrido, mas diante das mesmas circunstâncias, “não deixaria de repetir o gesto”, que chamou de “resposta extrema a um histórico de agressões perpetradas a mim e a muitos outros por meu adversário”.
“Espero, também, ter lavado a alma de milhões de pessoas que não aguentavam mais ver a cidade tratada com tanto desprezo e desamor por alguém que se propõe a governá-la, mas que quer mesmo é saqueá-la, de braços dados com o crime organizado”, acrescentou.
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