BRASÍLIA – O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, desistiu de concorrer ao comando da Câmara em 2025. A decisão abre caminho para o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) assumir a candidatura com as bênçãos do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
O Estadão apurou que Pereira comunicou sua saída da disputa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), às 17 horas desta terça-feira, 3. Atualmente no cargo de primeiro vice-presidente da Câmara, Pereira foi ao Palácio do Planalto acompanhado do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos).
Após a desistência de Pereira, Lira se reuniu com o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (União-BA). A expectativa é de que Elmar, até então o nome favorito de Lira, retire a candidatura em favor de Hugo Motta, já que seu nome enfrenta resistências do Planalto. Nos bastidores, articuladores políticos do governo Lula já trabalham com esse cenário.
Nesse desenho, para o Centrão se unificar em torno de uma única candidatura faltaria apenas a renúncia de Antônio Brito, líder do PSD. A tendência é que ele também desista. A portas fechadas, o deputado baiano disse a interlocutores que não enfrentaria Motta.
Como revelou a Coluna do Estadão, Pereira entende que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, foi o principal empecilho para a manutenção de sua candidatura à presidência da Câmara porque não concordou em retirar Brito do páreo. A escolha do sucessor de Lira está marcada para fevereiro de 2025.
Por enquanto, a oferta na mesa para quem desistir da disputa é uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). A Câmara tem direito a indicar dois nomes para o TCU a partir de 2026. Há, porém, uma articulação em curso para que os ministros Aroldo Cedraz – o primeiro a se aposentar – e Augusto Nardes antecipem suas saídas.
O mandato de Nardes termina em 2027, mas as negociações podem fazê-lo renunciar antes para concorrer a um cargo eletivo no Rio Grande do Sul, em 2026.
Em julho, o Broadcast/Estadão mostrou que Lira já via Motta com mais chance de ganhar votos na Câmara, diante dos problemas enfrentados por Elmar. Em uma reunião de líderes dos partidos com Lula, no último dia 26, Elmar disse que Lira era o seu melhor amigo e, se não conseguisse convencê-lo de que era o melhor candidato, desistiria.
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