BRASÍLIA - Ao defender sua candidatura à presidência do Senado, feita à revelia do seu partido, o PL, o senador Marcos Pontes (SP) disse neste sábado, 1º, que sua postura é inspirada no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorreu à presidência da Câmara por quatro vezes enquanto era deputado, derrotado em todas. A candidatura de Pontes segue a despeito de críticas do próprio Bolsonaro, que declarou apoio a Davi Alcolumbre (União-AP).
“Essa eleição é muito importante e a candidatura teve inspiração na atitude corajosa de Bolsonaro que concorreu quatro vezes a presidente da Câmara, sempre isolado, sempre combatido e nunca desistiu”, disse o ex-ministro de Ciência e Tecnologia do ex-presidente.
O astronauta foi o primeiro dos candidatos a discursar para os colegas que se reúnem para escolher o próximo presidente do Senado. Na tribuna, Pontes disse ainda ser profundamente grato ao ex-presidente e o chamou de amigo.

“Bolsonaro é líder único e tenho orgulho de chamá-lo de amigo. Amigos de verdade não concordam em tudo, mas sempre querem o bem um para outro”, afirmou Pontes, para quem o Brasil clama por mudanças, diante do povo “aflito”. “O Brasil precisa de Senado com coragem e compromisso, vamos liderar juntos essa transformação”, afirmou.
Ele ainda disse lamentar o “inconveniente” aos colegas que se sentiram desconfortáveis com sua candidatura. O PL apoia a eleição Alcolumbre e o próprio líder do partido no Senado, Carlos Portinho (RJ), reforçou isso durante a sessão, dizendo que a aliança com o senador foi fechada pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nas últimas semanas, Bolsonaro criticou a decisão do senador em se candidatar à presidência do Senado, a qual chamou de “lamentável”. O ex-presidente explicou que se o partido “embarcasse” na candidatura do senador, acabaria ficando sem comissões. Apesar de desejar boa sorte ao aliado, Bolsonaro cobrou o apoio dado por ele à eleição do senador em 2022: “É esse meu pagamento?”.
Em 2023, quando o senador Rogério Marinho (PL-RN) se lançou candidato contra Rodrigo Pacheco (PSD), o PL acabou privado dos principais espaços de tomada de decisão da Casa, já que não fazia coalizão com o vencedor da disputa.
Neste sábado, o astronauta disse ainda que, se eleito, vai tirar da gaveta pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e “devolver à liberdade cidadãos injustamente perseguidos” pelos ataques golpistas de 8 de Janeiro. O projeto, que concede anistia aos envolvidos nas invasões das sedes dos Três Poderes em 2023, é o principal projeto mirado por Bolsonaro, indiciado pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado.
Girão defende fim de emendas parlamentares
Também concorrendo à presidência, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) criticou o Senado, afirmando que a Casa “só se afundou de 2019 para cá”. O senador ainda atacou as emendas parlamentares e defendeu o fim dessa modalidade de destinação de recursos do Orçamento da União.
Além de afirmar que o maior problema da Casa foi “não ter enfrentado [a busca pelo] reequilíbrio entre os Poderes que foi perdido”, Girão defendeu uma série de propostas da direita, como o fim do foro privilegiado e a prisão após condenação em Segunda Instância. Assim como Bolsonaro, ele defende a anistia aos golpistas condenados.
Marcos do Val ataca Moraes
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) atacou o ministro do STF Alexandre de Moraes durante o discurso pela sua candidatura à presidência da Casa. Estendendo um papel com vários metros de comprimento, o senador ainda expôs no púlpito do Senado decisões de Moraes que, no seu entendimento, violam suas garantias parlamentares.
O discurso também serviu para o senador renunciar da candidatura, alegando que não teve a divulgação com a antecedência que acreditava ser justa.
‘Não se trata de desistência, mas estratégia’ diz Soraya Thronicke ao renunciar candidatura
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) também retirou sua candidatura à presidência do Senado, diante do que chamou de uma atitude de “coragem, inteligência e pragmatismo” em um “cenário possível”.
Antes disso, Soraya criticou a falta de representatividade feminina no Congresso. Ela lembrou que, em 200 anos, nenhuma mulher foi escolhida para assumir a presidência do Senado e da Câmara.