O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relatou a senadores os desafios para fechar a base da proposta do novo arcabouço fiscal, apresentada nesta quinta-feira (30). Segundo Haddad, é difícil um programa que agrade ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, simultaneamente. Gleisi tem sido uma das principais críticas de Campos Neto.
Após o comentário de Haddad, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) sinalizou apoio à presidente do PT. “Pela esquerda é sempre mais fácil”, disse Renan a Haddad.
Leia: Novo arcabouço fiscal prevê piso para investimentos e metas para as contas públicas; entenda
Segundo participantes da reunião, Haddad foi questionado por senadores sobre a reação do mercado ao arcabouço fiscal. O ministro disse que o mercado está tranquilo e reforçou que está preocupado em acalmar Gleisi e Campos Neto ao mesmo tempo.
Enquanto Campos Neto segue linha dura na condução da taxa de juros, Gleisi e uma ala do PT têm críticas ao limite de crescimento das despesas em 2,5% ao ano no marco fiscal. Temem os efeitos na economia de um duplo aperto, tanto pelo lado fiscal quanto pelo lado monetário.
Municiados com dados dos governos Lula 1 e 2, petistas afirmam que as despesas cresceram mais ano a ano no passado e que, se adotar a regra, Lula não terá gás para repetir o sucesso das gestões anteriores. O grupo aguarda para se manifestar publicamente porque, antes, quer ver o texto da proposta finalizado.
O encontro de Haddad com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e líderes da Casa foi fechado e ocorreu poucas horas antes do anúncio do novo marco fiscal à imprensa. O ministro da Fazenda já havia se reunido ontem com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e os deputados.
Nesta quinta (30), petistas em peso usaram as redes sociais para criticar Campos Neto. O executivo deverá prestar esclarecimentos a senadores na próxima semana. Parlamentares contam que esperavam ansiosos pelo novo arcabouço fiscal para se munir de argumentos de ataque contra o presidente do BC.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.