O presidente Lula disse a sindicalistas que quer retomar, em 2024, a regra de valorização do salário mínimo criada em seu primeiro governo, segundo a qual o reajuste é automático e definido de acordo com a inflação do ano anterior mais o crescimento do PIB de dois anos antes. O anúncio deve ser feito no 1º de Maio, quando também será confirmado o novo valor de R$ 1.320 para o piso. A proposta será incluída em um projeto de lei que passará pelo Congresso. O texto deve ser elaborado pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
Em reunião no Palácio da Alvorada, nesta quinta (27), Lula rejeitou outros dois pleitos dos sindicalistas: a adoção de uma correção de 2,4% ao ano (acima da inflação) até 2026, como compensação pelo período sem aumentos reais sob Jair Bolsonaro, e a isenção do Imposto de Renda sobre as participações dos empregados no lucro das empresas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que as propostas não cabem no novo marco fiscal e lembrou medidas implantadas no campo social, como o novo Bolsa Família com R$ 150 por criança até seis anos de idade e a construção de escolas. Simone Tebet, do Planejamento, e Esther Dweck, da Gestão, reforçaram o argumento e afirmaram que, se os indicadores econômicos darem sinais de melhoras no ano que vem, as demandas dos sindicalistas podem voltar a ser analisadas.
Os representantes dos trabalhadores se queixaram da ausência do ministro da Previdência, Carlos Lupi, na reunião. Assim como Marinho, ele costuma encampar as propostas das centrais.
Lula costuma dizer em reuniões internas que o reajuste do salário mínimo é uma de suas bandeiras primordiais, na qual militou durante boa parte da vida sindical. Por isso deixou claro que brigaria por qualquer aumento adicional, ainda que tivesse impacto nas contas do governo.
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