Secretário de Segurança Pública de São Paulo, o deputado licenciado Guilherme Derrite (PL) classificou de “criminosos” os atos golpistas do último domingo, em Brasília. “Por mais que eu discorde de uma opinião, isso não me dá o direito de agir com violência, de ultrapassar os limites da lei”, afirma. “Acabaram causando um prejuízo incomparável à democracia. Quando você invade a sede de um Poder, perde qualquer argumento. Se violassem o meu gabinete, estariam violando quase 240 mil eleitores, e isso é inadmissível”. Derrite foi eleito e reeleito na esteira de Jair Bolsonaro, de quem chegou a ser vice-líder na Câmara dos Deputados até ser alçado a secretário por Tarcísio de Freitas.
A apuração dos atos em Brasília indica que houve conivência da PM do Distrito Federal, que assistiu à invasão do edifício do Congresso Nacional sem reação.
Só depois de os radicais golpistas quebrarem também o STF e o Palácio do Planalto é que o batalhão de choque do DF entrou em campo. Membro da reserva da PM, o secretário de São Paulo não quis comentar a atuação de colegas no caso, mas prometeu não tolerar insubordinação política nas forças de segurança paulistas como aquela vista na capital.
“Se houve, lá em Brasília, conivência, creio que as instituições vão apurar e os agentes da lei serão responsabilizados. Aqui, a gente não vai admitir”, afirma o secretário. Ele não abre mão, porém, de defender o direito de policiais expressarem opiniões políticas, desde que dentro das normas do regulamento disciplinar das corporações.
“A opinião política de cada indivíduo será respeitada. Mas temos que ter em mente que um policial não pode, enquanto representante da instituição, se valer do seu cargo para adotar posições político-partidárias. As polícias são órgãos de Estado, não de governo”, diz.
“Ele (o policial) tem que respeitar o que está no regulamento. Se existe um regulamento que proíbe manifestações político-partidárias, o regulamento será cumprido. Ele tem o direito à sua liberdade de expressão, desde que não viole o regulamento disciplinar”.
Apesar de sua filiação ao grupo político do ex-presidente, o secretário prega o diálogo com a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva no governo federal e o pragmatismo à frente da Segurança Pública. Essa disposição em criar uma ponte com a administração petista é, segundo ele, uma marca de Tarcísio. Seu principal interlocutor em Brasília é o secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, com quem diz manter canal direto.
“Trabalho de polícia e de segurança pública não segue bandeira ideológica, é pragmatismo na essência. A transferência de recursos da União para São Paulo é importante. A integração da Polícia Federal com as nossas polícias investigativas e da Polícia Rodoviária com a polícia militar nas nossas rodovias também.”
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.