Marina Silva diz que Venezuela não é uma democracia e reforça cobrança de atas eleitorais

Para ela, governo fez bem em exigir apresentação dos resultados consolidados da votação

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Por Guilherme Naldis

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira, 31, que a Venezuela não vive sob um regime democrático e cobrou provas de transparência da eleição presidencial no país. Apesar de o governo brasileiro não ter reconhecido ou negado a legitimidade do resultado, Marina elogiou o comunicado do Itamaraty, que, na segunda-feira 29, declarou que a apresentação das atas eleitorais era um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.

“Um regime democrático pressupõe que as eleições são livres, que os sistemas são transparentes, que não haja nenhuma forma de perseguição política ou tentativa de inviabilizar com que os diferentes segmentos da sociedade, que legitimamente têm o direito de pleitear, cheguem ao poder. Que não venham a sofrer qualquer tipo de constrangimento ou impedimento”, disse, em entrevista ao site Metrópoles.

A ministra Marina Silva cobrou transparência nas eleições na Venezuela Foto: wilton junior/Estadão

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Na última terça-feira, 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não tem nada de grave ou anormal com as eleições na Venezuela e condicionou a entrega das atas ao reconhecimento do resultado que deu vitória ao ditador Nicolás Maduro sob suspeitas de fraude eleitoral.

“Como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre oposição e situação, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça andar o processo. E aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo”, disse.

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A ditadura chavista controla os órgãos eleitorais do país e também a Justiça e a Suprema Corte, com juízes apontados pelo regime e com decisões que nunca contrariam o chavismo.

“Quando se trata de política externa, o governo está correto em buscar as cautelas necessárias. Mas a cobrança foi veemente. O fato de fazer essa cobrança é uma forma de colaborar com o fortalecimento da democracia no nosso continente, e de que a gente não tenha nenhum tipo de atitude que venha extrapolar esse princípio. Eu sempre trato a democracia, os direitos humanos, como um valor. E valores não podem ser relativizados”, afirmou a ministra.

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