Mauro Cid gastou R$ 200 mil com cartão de crédito internacional como ajudante de ordens de Bolsonaro

Só em janeiro tenente-coronel desembolsou US$ 6,5 mil, mais do que seu salário de militar, no primeiro mês da temporada com o ex-presidente nos Estados Unidos

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Atualização:

BRASÍLIA — O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, espécie de faz-tudo e chefe da ajudância de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, teve gastos de US$ 43 mil em um cartão de crédito internacional, entre o começo de janeiro de 2020 e o fim de abril de 2023. Pela cotação média do dólar de cada fatura mensal, o valor equivale a quase R$ 200 mil, sem cálculo de tributos.

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Só nos quatro primeiros meses de 2023 as faturas do cartão internacional somaram US$ 11,7 mil (quase R$ 61 mil, sem tributos). Durante quase todo esse período Cid acompanhou Bolsonaro nos Estados Unidos, para onde o ex-presidente seguiu no penúltimo dia de seu mandato e de onde voltou no dia 30 de março.

Os dados mostram ainda que pelo menos em janeiro deste ano, quando estava nos Estados Unidos, os gastos com cartão de crédito internacional superam o salário do militar. Isso porque a fatura de janeiro somou US$ 6,5 mil (quase R$ 34,2 mil). Cid tinha um salário bruto de R$ 26,2 mil como tenente-coronel do Exército.

O coronel Mauro Cid teve movimentação com cartão de crédito internacional superior a seu salário em janeiro deste ano Foto: André Borges / EFE

Os gastos de Cid com esse cartão internacional foram enviados pelo Banco Central à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro. Os parlamentares já foram informados também pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que Cid movimentou movimentou R$ 3,75 milhões em transações atípicas entre 26 de julho do ano passado e 6 de maio deste ano.

A CPMI e a Polícia Federal investigam repasses de dinheiro feitos por Cid, e pelo seu pai, Mauro Lourena Cid, para Bolsonaro e para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

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Na operação Lucas 12:2, deflagrada na última sexta-feira, 11, policiais apontaram indícios de que Cid, seu pai, e outros militares sacaram dinheiro em espécie e depositaram ou entregaram para o ex-presidente e Michelle. A PF suspeita que ao menos parte desse dinheiro veio da venda ilegal de presentes do acervo presidencial, como relógios e joias entregues a Bolsonaro pela ditadura da Arábia Saudita.

A polícia investiga ainda se Cid usou parte desse dinheiro para recomprar joias do acervo presidencial que tinham sido vendidas ou colocadas à venda nos Estados Unidos.

Ainda nessa operação, policiais citaram que, em um áudio apreendido pela PF, Cid falava que seu pai tinha US$ 25 mil em espécie que precisavam ser entregues a Bolsonaro.

Parlamentares governistas da CPMI querem quebrar o siglo bancário de Bolsonaro e Michelle para tentar verificar quanto dinheiro eles receberam de Cid.

Quando foi preso em maio, Cid tinha US$ 35 mil guardados em um cofre, que foram apreendidos pela PF. Ele foi detido em outra investigação da PF que apura se militares da ajudância de ordens ajudaram Bolsonaro a falsificar sua carteira de vacinação para simular que estava imunizado contra o coronavírus.

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Entre os dados enviados para a CPMI, o Banco Central também apontou que Cid fez uma compra de US$ 70,5 mil (cerca de R$ 368 mil) em moeda americana, no dia 12 de janeiro. A compra foi feita pelo Banco do Brasil e o dinheiro foi depositado em sua conta americana na mesma instituição. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) considerou essa transação atípica.

“Destacamos o envio de ORPAG (ordem de pagamento) para o exterior, valor de R$ 367.374,56, em 12/01/2023, País: Estados Unidos e beneficiário o analisado. Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio, e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro, ou com ele relacionar-se”, diz o texto do documento.

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