BRASÍLIA – Quinta maior bancada da Câmara, com 34 deputados, o MDB vai deixar o grupo formado por partidos do Centrão e se unir em um bloco com o Cidadania, que tem seis deputados. A intenção dos líderes das duas siglas é poder atuar de forma independente nas votações da Casa e já sinalizar uma possível aliança nas eleições de 2022.
“O @23cidadania e o @MDB_Nacional decidiram formar um bloco na Câmara, numa articulação para além do Congresso, que vai ajudar a construir uma alternativa em 2022 para o Brasil do Polo Democrático. Para mim, é uma alegria pessoal. Em 1965, já no PCB, participei da fundação do MDB em PE”, escreveu o presidente do Cidadania Roberto Freire, no Twitter.
Também pela rede social, o presidente do MDB, Baleia Rossi, respondeu ao novo colega de bloco em agradecimento. “É muito bom estarmos juntos de novo na estrada da democracia e na defesa das pautas de interesse do povo brasileiro neste momento tão difícil para o País”.
Com a formalização da união com o Cidadania, o MDB deverá desembarcar do “blocão”, uma formação do início da legislatura que reúne 11 partidos de centro e toda a base do governo de Jair Bolsonaro, sob a liderança de Hugo Motta (Republicanos-PB). Hoje, esse grupo conta com 324 deputados e é fundamental para aprovar os projetos de interesse do governo.
Recentemente, Motta apoiou, em nome do bloco, o pedido de urgência ao projeto do líder do PSL, Major Vitor Hugo (GO), para dar a Bolsonaro o poder de instaurar uma condução típica de situações de guerra, tendo a pandemia como justificativa. A medida foi alvo de críticas e acabou naufragando antes mesmo de chegar ao plenário.
A nova aliança torna oficial o afastamento do MDB em relação ao Palácio do Planalto – o que já acontece com uma ala do partido liderada por Renan Calheiros (AL) no Senado – e sinaliza caminhos para uma aliança em torno de uma candidatura que dispute a Presidência contra Bolsonaro em 2022.
A ideia do MDB e do Cidadania é de agregar ainda ao menos mais um partido de centro e reunir até 60 deputados. O Solidariedade – com 14 e hoje fora de qualquer bloco na Câmara – pode ser esta terceira sigla.
Na prática, como um bloco separado, os partidos poderão apresentar em conjunto requerimentos e emendas, além de terem tempo de debate e orientação de voto no plenário – o que aumenta a exposição dos parlamentares e seus posicionamentos. “Estamos discutindo uma atuação em conjunto e já de olho no futuro”, disse ao Estadão/Broadcast o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).
“Será uma união de partidos de centro para trabalhar pautas importantes na Câmara, especialmente as reformas, e que pode resultar numa organização de um polo democrático pro ano que vem”, disse o líder do Cidadania, Alex Manente (SP).
Na eleição para a Mesa Diretora da Câmara, realizada no início de fevereiro, o Cidadania fez parte do bloco de apoio a Baleia Rossi, que contou também com a participação dos partidos de oposição.
Em julho do ano passado, na prévia da eleição para a nova Mesa Diretora da Câmara, MDB e DEM desembarcaram em conjunto do blocão, revelando um racha no Centrão que desenhou o cenário da disputa que elegeu Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Casa. Esse bloco, no entanto, voltou a sua formação original após as eleições. Pouco mais de dois meses depois da posse de Lira, o grupo deve se separar novamente.
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