MDB vai liberar diretórios, Simone apoiará Lula e Temer deve ficar com Bolsonaro

Mais de dez diretórios do partido estão com Lula desde o primeiro turno, mas o ex-presidente e o prefeito de São Paulo resistem a fechar aliança com o petista

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BRASÍLIA – O MDB deve anunciar nesta quarta-feira, 5, a liberação dos filiados para que apoiem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou o presidente Jair Bolsonaro (PL). A senadora Simone Tebet, que foi candidata do partido à Presidência e ficou em terceiro lugar, vai declarar voto no petista. Diretórios de ao menos dez Estados, como os do Nordeste e do Rio – que já estavam com Lula no primeiro turno –, vão repetir o aval ao petista. Mas o ex-presidente Michel Temer deve apoiar Bolsonaro.

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Simone vai declarar publicamente o apoio a Lula nesta quarta-feira, 5, em pronunciamento que fará em São Paulo. Outros líderes nacionais do MDB, como o senador Renan Calheiros (AL) e o deputado eleito Eunício Oliveira (CE), também viajarão para a capital paulista, onde está o comitê de Lula, e ajudarão na campanha do petista. “Eu e mais doze já declaramos apoio (a Lula) e a Simone fará o mesmo com duas propostas incorporadas pelo Lula. O Brasil não pode continuar faminto e nesse absurdo autoritário”, afirmou Eunício ao Estadão.

Temer, por sua vez, tem uma relação desgastada com o comando do PT desde quando assumiu a Presidência, em 2016, com o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Ele resiste a apoiar Lula porque tanto o ex-presidente quanto Dilma o chamaram de “golpista” na campanha. A avaliação de aliados é a de que Bolsonaro faz mais gestos de reconhecimento a Temer do que Lula.

Na prática, o ex-presidente não fecha totalmente as portas para conversar com o petista, mesmo porque o candidato a vice, Geraldo Alckmin, já o procurou com essa proposta. Mas, se Lula não ajustar o discurso para deixar claro que não vê o impeachment de Dilma como um “golpe”, ele não o apoiará.

Ex-presidente não quer acordo com Lula por ter sido chamado de "golpista" Foto: Joédson Alves|Efe

Temer viajou nesta segunda-feira, 4, para Londres, onde foi dar uma palestra. Voltará ao Brasil na sexta-feira, 7, e deve manifestar sua decisão. Aliados de Bolsonaro já entraram em contato com Temer para marcar uma reunião entre os dois.

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Na eleição para governador de São Paulo, Temer já tomou uma decisão e vai apoiar o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) contra Fernando Haddad (PT). A articulação também tem o objetivo de fortalecer politicamente o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que pode enfrentar uma disputa arriscada, em 2024, se a esquerda paulista estiver bem na foto.

Assim como o ex-presidente, o ex-deputado Beto Mansur (MDB-SP), que foi vice-líder do governo Temer, apoiará Tarcísio. Mansur disse esperar “menos briga e mais propostas para o Brasil” nas discussões do segundo turno. Ele contou ter conversado com integrantes do governo Bolsonaro sobre articulações que podem ser feitas nas próximas semanas. Uma delas é melhorar a relação do presidente com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), reeleito no domingo, 2.

No início da pandemia de covid-19, em 2020, Caiado chegou a romper com Bolsonaro. O governador, que é médico, chegou a dizer à época que não seguiria as recomendações do presidente de suspender orientações para distanciamento social, medida adotada para frear a propagação da doença.