Mendonça diz que ‘não há debate sobre ruptura nos três Poderes’

Para ministro do Supremo indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, democracia brasileira ‘está a pleno vapor’; ele participa de evento em Lisboa

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Por Mara Bergamaschi
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADÃO, LISBOA - O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez nesta terça-feira, 28, uma defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições. Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), Mendonça foi questionado se via risco de ruptura institucional nas eleições após participar do X Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal. “Não. A democracia está a pleno vapor”, afirmou o ministro e pastor presbiteriano. “Institucionalmente, nos três Poderes, não há debate sobre ruptura.”

O evento foi promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), ligado ao ministro do STF Gilmar Mendes. No dia anterior, os ministros Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski já haviam falado sobre a conjuntura política brasileira. Barroso disse que o Supremo tem “conseguido resistir ao populismo autoritário” e Lewandowski afirmou: “Nós com certeza realizaremos as eleições, contabilizaremos os votos e empossaremos os vencedores”.

O ministro André Mendonça durante sessão plenária no STF Foto: Rosinei Coutinho/STF

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Mendonça também ratificou a legitimidade do resultado das urnas eletrônicas. “É isso que vivemos e é isso que viveremos”, disse.

Segundo o ministro, o debate sobre o sistema eleitoral que existe hoje, externado sobretudo por Bolsonaro - que aponta sem provas para riscos de fraudes nas urnas eletrônicas -, “são tensões próprias do regime democrático”. “São opiniões, principalmente questões políticas que trazem debates mais acalorados”. Para ele, conversas sobre um eventual golpe se limitam às pessoas e ao ambiente político. “Nós (as instituições) seguimos e seguiremos com normalidade.”

Milton Ribeiro

Mendonça afirmou ainda que pretende avaliar “no momento adequado” se irá se considerar ou não impedido para julgar o processo contra o seu ex-colega de ministério Milton Ribeiro. Investigado pela existência de um gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC), Ribeiro citou o presidente Bolsonaro como o responsável por ter indicado os pastores Gilmar Santos e Arilton Gomes para atuarem na pasta. O processo já está no Supremo, sob cuidados da ministra Carmen Lúcia.

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André Mendonça defendeu ainda que as investigações sobre as irregularidades no MEC, reveladas pelo Estadão, prossigam em seu curso normal na Justiça. Mendonça, que é pastor evangélico como Milton Ribeiro, considerou ainda que o Brasil está “há 30 anos sem uma boa educação”. “Houve erro sistêmico de vários governos”, definiu, sem querer avaliar especificamente o governo Bolsonaro. “Não posso falar pelo governo, não estou mais no governo”, justificou.

Em maio último, Mendonça declarou-se suspeito para opinar no julgamento no Supremo que analisou a legalidade dos dossiês contra professores e servidores, preparado no Ministério da Justiça quando ele ocupava a pasta durante o governo Bolsonaro.