O senador Sergio Moro (União-PR) disse nesta quinta-feira, 14, que não divulgou seu voto sobre a indicação de Flávio Dino (PSB-MA) ao Supremo Tribunal Federal (STF) porque trata-se de uma prerrogativa parlamentar que ele usou para manter a independência diante do que chamou de “intenso ataque” do governo Lula (PT), de parte do PL do Paraná, que tenta cassar se mandato na Justiça Eleitoral, e também da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Como revelou o Estadão, Moro foi orientado por um contato de WhatsApp com o nome de “Mestrão” a não revelar seu voto favorável em Dino por causa das redes sociais, onde ele foi criticado por apoiadores por causa de fotos em que aparece abraçando e rindo junto com o ministro.
“O intenso ataque que tenho sofrido do atual governo Lula, de parte do próprio PL paranaense, além das ameaças do PCC, fazem-me agir, nesse momento, com cautela e no exercício efetivo de uma prerrogativa que tenho, tudo de forma a preservar minha independência. Nada disso, porém, contradiz a minha lisura e as bandeiras que sempre defendi e continuarei defendendo no Senado”, escreveu o senador nas redes sociais. Ele também afirmou que é oposição ao governo Lula e que votou contra os vetos do Planalto à desoneração da folha salarial das empresas e ao marco temporal para demarcação de terras indígenas.
Durante a votação da indicação de Dino ao Senado, que teve a indicação aprovada por 47 votos a 31, o Estadão flagrou Moro conversando com “Mestrão” no WhatsApp. O contato disse que o “coro” estava “comendo” nas redes sociais por causa das fotos do senador ao lado de Dino. “Não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando”, escreveu.
Moro respondeu: “Vou manter meu voto secreto, é um instrumento de proteção contra retaliação”. “Mestrão” é o apelido de Rafael Travassos Magalhães, de 28 anos, que trabalha como auxiliar parlamentar do senador paranaense desde agosto deste ano, conforme apurou o Estadão com pessoas próximas ao assessor.
Magalhães recebe um salário de R$ 7.152,04. Antes de assumir o cargo no gabinete do senador, Rafael trabalhou, de novembro de 2016 a outubro de 2018, com o deputado estadual do Paraná Ricardo Arruda. Lá, recebia um salário bem maior do que o atual, de R$ 19.551,64.
Arruda é investigado por operar um esquema de “rachadinha” em seu gabinete, e “Mestrão” foi citado em uma apuração do Ministério Público do Paraná (MPPR) como uma das pessoas que teriam tido envolvimento com o esquema.
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