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Michelle vira campeã de engajamento entre público evangélico

Primeira-dama é vista entre os cristãos como “temente a Deus, que equilibra o temperamento difícil e explosivo do seu marido”; ela só fica atrás em engajamento do vereador mineiro Nikolas Ferreira

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Foto do author Daniel  Weterman

BRASÍLIA - A primeira-dama Michelle Bolsonaro se tornou uma das figuras mais influentes do segmento evangélico nas redes sociais e tem servido como trunfo da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) para neutralizar a rejeição do marido nesse eleitorado, principalmente entre as mulheres.

Michelle faz uma oração ao lado do presidente Jair Bolsonaro durante evento de campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 16 de agosto. (AP Photo/Silvia Izquierdo) Foto: Silvia Izquierdo/AP

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A Casa Galileia, organização que promove ações e campanhas sobre os cristãos no Brasil, fez um monitoramento em milhares de publicações de influenciadores evangélicos, de fevereiro até este mês de agosto, e identificou que a primeira-dama passou a figurar entre os campeões de engajamento nesse público, não só pelas publicações próprias, mas, principalmente, pelos assuntos impulsionados por campeões de seguidores.

Com perfil apenas no Instagram, as publicações de Michelle têm superado 150 mil interações em uma semana. Não é na rede dela, porém, que está o maior alcance, mas, sim, nos perfis de pastores e políticos de direita que usam a imagem da mulher de Bolsonaro para impulsionar a campanha. As aparições públicas da primeira-dama servem de conteúdo para perfis com altos índices de engajamentos nas redes sociais, como é o caso do músico Rafael Bitencourt, do pastor Rodrigo Mocellin, da ex-ministra Damares Alves e do portal Pleno News.

Entre os últimos dias 15 e 21 de agosto, Michelle divulgou o “santinho” da campanha de reeleição de Bolsonaro e atraiu 570.135 interações, ficando em segundo lugar no ranking de publicações mais influentes entre perfis evangélicos na rede social, liderado pelo vereador Nikolas Ferreira, candidato a deputado federal pelo PL em Minas Gerais.

A primeira-dama também aparece em outras posições ao publicar apoio à candidatura de Damares para o Senado no Distrito Federal e ser citada pela ex-ministra como alguém que a campanha do PT “tem que se preocupar mesmo”. Em sete meses, 18 publicações de Michelle ficaram entre os 20 posts de influenciadores evangélicos com maior engajamento na rede.

De forma geral, a primeira-dama é vista entre os cristãos como “temente a Deus, que equilibra o temperamento difícil e explosivo do seu marido”. A autenticidade da fé virou ferramenta da campanha de Bolsonaro, mostra o levantamento. Nos discursos, Michelle faz questão de afirmar que ora pelo marido, inclusive de joelhos na cadeira presidencial, uma prática difundida na religião evangélica, onde é comum esposas e mães se reunirem em templos para fazer orações por seus filhos e maridos.

“Michelle Bolsonaro performa o rosto do evangélico conservador e fundamentalista no Brasil, uma esposa crente e sábia que edifica sua casa, é temente a Deus e equilibra o temperamento difícil e explosivo do seu marido”, diz a pesquisadora Andréa Santos, autora do levantamento. Com os joelhos no chão e o discurso de “batalha espiritual”, a mensagem comunica bem com o eleitorado e tem demonstrado eficácia em um curto período de tempo, conforme a especialista.

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No dia 7 de agosto, Michelle afirmou que o Palácio do Planalto era consagrado a demônios no passado, durante um culto na Igreja Batista Lagoinha, em Belo Horizonte. Em cerimônias religiosas, Michelle costuma ficar de joelhos, um símbolo da devoção cristão. No mês anterior, durante convenção do PL, no Rio, a primeira-dama classificou Bolsonaro como escolhido de Deus e afirmou que a reeleição seria uma “cura” para o Brasil.

Bolsonaro lidera as intenções de voto entre os evangélicos, mas a rejeição cresce quando as mulheres são consultadas sobre ele. Conforme pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, o presidente tem 49% das intenções de voto entre os evangélicos, contra 32% de Lula. O petista tem 47% entre as mulheres, contra 29% de Bolsonaro.

O estudo da Casa Galileia identifica que Michelle mergulhou na campanha do marido a partir de junho, quando pesquisas começaram a ser divulgadas apontando a baixa adesão do eleitorado feminino ao presidente, além de queda do apoio evangélico. Foi quando a campanha de Bolsonaro começou a focar nesses grupos para os discursos do presidente e a agenda do candidato à reeleição. “A primeira-dama insiste de maneira inteligente em conversar com quem a entende. A pergunta que fica é se será suficiente para eleger Bolsonaro em um segundo mandato”, observa a pesquisadora.

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