Brasília – O Ministério da Justiça enviou nesta quinta-feira, 16, agentes da Força Nacional de Segurança Pública para a região de conflito entre indígenas e fazendeiros em Mato Grosso do Sul.
A decisão de despachar cerca de 50 agentes da Força Nacional para a região da terra indígena Dourados-Amambaipegua I, no município de Caarapó, ocorre após a morte do indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, além de outros seis indígenas da etnia guarani kaiowá, todos baleados durante o confronto de terça-feira.
Os policiais devem reforçar o trabalho de agentes da Força Nacional que já atual na região de fronteira de Mato Grosso com o Paraguai, na região de Ponta Porã. Por meio de nota, o Ministério da Justiça informou que a decisão foi tomada após o ministro entrar em contato com o governador de MS, Reinaldo Azambuja, que solicitou o apoio da Força Nacional na região.
A prefeitura de Caarapó informou o reforço já começa a chegar. Outros 30 agentes da Polícia Federal também devem ser encaminhados para a região da fazenda Yvu, próximo a aldeia Te’yikuê.
“A Força Nacional irá auxiliar as Polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal, a fim de restabelecer a ordem pública e preservar a incolumidade das pessoas e do patrimônio”, declarou o Ministério da Justiça.
Cinco indígenas permanecem internados no Hospital da Vida, em Dourados. Três deles passaram por cirurgias, incluindo o menino indígena Josiel Benites, de 12 anos, que sofreu lesões no estômago, intestino e rins. Outros dois indígenas permanecem em observação, para saber como seus quadros de saúde devem evoluir. Um desses pacientes foi alvo de quatro tiros.
A situação já era tensa desde o último domingo, quando os índios retornaram para a terra indígena. Caarapó, localizado a cerca de 50 quilômetros de Dourados, fica em uma das regiões de maior conflito entre índios e fazendeiros. Os guarani kaiowá requerem há décadas a demarcação e a retomada de suas terras na região, as quais foram cada vez mais pressionadas pelo avanço da soja, cana e da pecuária.
O território de Toro Passo, retomada no último documento, está dentro dos limites da TI Dourados-Amambaipegua I, que fez parte de um termo de ajustamento de conduta das demarcações em Mato Grosso do Sul firmado em 2007 e que teve seu relatório foi publicado no mês passado, quando a Fundação Nacional do Índio (Funai) liberou uma série de processos engavetados há anos.
Trata-se de uma região de conflitos freqüentes e que, em 2013, custou a vida do indígena Denilson Barbosa. Os atos de barbárie ganharam repercussão internacional, sendo denunciados ontem para representantes de governos e organizações de 35 países, durante o evento Oslo Redd Exchange 2016, que acontece na Noruega. Os relatos foram feitos por Joênia Wapixana, primeira advogada indígena brasileira.
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