BRASÍLIA - O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou Pablo Marçal (PRTB), ex-coach e candidato à Prefeitura de São Paulo em 2024, pelo crime de expor “a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente”. O caso ocorreu em uma excursão irregular no Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira. A pena é de três meses a um ano de detenção.
Na denúncia, apresentada no dia 7 de março, o MP-SP ofereceu um acordo de R$ 273.240, o equivalente a 180 salários mínimos, para que o caso seja encerrado sem necessidade de tramitação.

O Estadão procurou Pablo Marçal, mas não obteve retorno.
Em janeiro de 2022, o Corpo de Bombeiros de São Paulo resgatou 32 pessoas que, lideradas por Marçal, tentaram escalar a montanha de 2.420 metros de altitude. O grupo liderado por ele descumpriram um alerta da Defesa Civil sobre as más condições meteorológicas naquela ocasião.
À época, Marçal afirmou que não mandou ninguém subir a montanha e que cada um foi responsável pelos próprios atos. A excursão fazia parte de um curso motivacional do ex-coach chamado “o pior ano da sua vida”.
Após o resgate pelos bombeiros, Marçal começou a ser investigado pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de homicídio privilegiado tentado. Por meio do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o ex-coach tentou trancar o inquérito, mas não conseguiu.
Quando foi candidato à Prefeitura de São Paulo no ano passado, Marçal declarou ter um patrimônio de R$ 169,5 milhões. O valor do acordo proposto pelo MP-SP é equivalente a 0,16% dos bens apresentados por ele ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A proposta oferecida a Marçal se deu porque a pena do crime denunciado é inferior a dois anos de prisão.
A excursão no Pico dos Marins garantiu um holofote nacional a Marçal. Ainda em 2022, ele foi pré-candidato a Presidência da República e disputou uma cadeira da Câmara dos Deputados. A postulação ao Planalto fracassou porque o PROS, partido dele à época, preferiu apoiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na disputa pelo Legislativo, ele recebeu 243.037 votos - o suficiente para ser eleito - mas teve a candidatura indeferida por falhas na documentação enviada ao TSE.
No ano passado, em uma candidatura marcada por ataques violentos a adversários e cortes nas mídias sociais, Marçal ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Ele conquistou 1.179.274 votos, quase 60 mil a menos que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que ficou com a última vaga do segundo turno.
Marçal expõe a pretensão de disputar a eleição presidencial de 2026. Porém, em fevereiro deste ano, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) tornou ele inelegível por oito anos por divulgar nas redes sociais dele um vídeo no qual venderia seu apoio a candidatos a vereador de “perfil de direita” em troca de doação para sua campanha. A decisão cabe recurso ao TSE.