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Ministra do Turismo declarou ao TSE ter R$ 180 mil em dinheiro vivo e R$ 733 mil de patrimônio

Deputado do União Brasil, mesmo partido de Daniela, apresentou projeto de lei para limitar movimentações financeiras em dinheiro vivo porque prática está associada a casos de lavagem de dinheiro

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Foto do author Weslley Galzo

BRASÍLIA – A ministra do Turismo, Daniela do Waguinho (União-RJ), informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tem R$ 180 mil em dinheiro vivo. O patrimônio declarado da deputada, que assumiu a pasta nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é de R$ 733.291,22. Em 2018, Daniela informou ter R$ 450.817mil sem nenhum valor em espécie.

Deputada federal mais votada no Rio no ano passado, a ministra foi indicada pelo União Brasil, partido que abriga adversários de Lula, como o senador eleito Sérgio Moro (União-PR) e também apoiadores, como o presidente da sigla, Luciano Bivar. Daniela é mulher do prefeito de Belford Roxo, Waguinho. Ao assumir o ministério, quis ser anunciada como Daniela Carneiro. Ela e Waguinho apoiaram Lula na disputa, num reduto bolsonarista.

Daniela Ribeiro assume Ministério do Turismo. Foto: Sérgio Lima/AFP Foto: SERGIO LIMA / AFP

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Guardar dinheiro em casa não é crime. Existem, porém, propostas no Congresso que limitam o uso de dinheiro vivo em transações financeiras por associar a prática à lavagem de dinheiro. Em dezembro, a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara aprovou projeto de lei que autoriza o Conselho Monetário Nacional (CMN) a definir valores máximos e diretrizes para a realização de transações financeiras em espécie, por qualquer cliente. Pelo texto, a regulamentação caberá ao Banco Central.

O texto aprovado é de um colega de partido da nova ministra. Na ocasião da votação, o deputado Eli Corrêa Filho (União-SP) disse à Agência Câmara que “a medida se insere nos esforços do País no combate à lavagem de dinheiro e ao crime organizado, objetivo buscado também por outros países”. A discussão ainda precisa passar por outras comissões.

Filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro compraram dezenas de imóveis com dinheiro vivo, tema bastante explorado na campanha eleitoral. “Tem que ir na casa do Bolsonaro para ele explicar as casas que ele comprou em dinheiro vivo”, propôs Lula na eleição.

Nova ministra do Turismo recebeu na campanha apoio da família de miliciano da Baixada Fluminense. Foto: Evaristo Sá/AFP Foto: EVARISTO SA / AFP

Além da quantia em espécie, a ministra declarou no ano passado ter aplicação no Banco do Brasil (R$ 213.593 mil), aplicação financeira (R$ 139.266 mil) e crédito decorrente da cessão do imóvel do Empreendimento Imobiliário Golden Gate Visione (R$ 200.431 mil).

O apoio à ministra por parte da família de um miliciano condenado por homicídio, durante a campanha eleitoral, provoca constrangimento ao novo governo. Mulher de Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado e preso por chefiar uma milícia na Baixada Fluminense há pelo menos quatro anos, a ex-vereadora Giane Prudêncio fez campanha em 2018 e 2022 para a deputada, que agora integra o governo Lula.

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Jura cumpre pena de 26 anos de prisão – atualmente, em regime semiaberto – pelos crimes de associação criminosa e homicídio. O miliciano chegou a ser nomeado na prefeitura de Belford Roxo, chefiada pelo marido de Daniela, para um cargo comissionado na Secretaria Municipal de Defesa Civil e Ordem Urbana, em agosto de 2017.

A apoio da mulher de Jura à Daniela Carneiro tem sido apontado nas redes sociais como uma demonstração da proximidade da família Waguinho com milícias da Baixada Fluminense. Procurada, a nova ministra não se manifestou.

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