RIO – A irmã e o pai do terceiro-sargento bombeiro Márcio Pagniez, o Marcinho Bombeiro, acusado de integrar uma milícia na Baixada Fluminense, foram nomeados pelo prefeito Wagner Carneiro (União Brasil), o Waguinho, para cargos na prefeitura de Belford Roxo. Os parentes de Marcinho apoiaram a campanha da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), mulher de Waguinho.
As nomeações ocorreram em dezembro de 2021 e agosto de 2022. O ex-militar foi preso em outubro de 2019 após ser denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por homicídio e por chefiar um grupo paramilitar que atuava na Baixada Fluminense. As informações foram reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmadas pelo Estadão.
A ministra afirmou que “não compactua com qualquer ato ilícito e cabe à Justiça o papel de julgar e punir”. Declarou também que sua campanha, em 2022, “recebeu o apoio de milhares de eleitores em diversos municípios do Estado”. Já a prefeitura de Belford Roxo disse em nota que “possíveis atos cometidos” por Marcinho Bombeiro não desabonam o trabalho dos parentes do acusado na prefeitura.
A primeira revelação da relação do casal, que apoiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno de 2022, com um suspeito de integrar milícia veio à tona nesta semana. A ministra, em sua campanha para deputado federal em 2022, teve apoio da ex-vereadora de Nova Iguaçu Giane Jura. Ela é mulher de Juracy Prudêncio, o Jura, que cumpre pena em regime semiaberto. Citado na CPI das Milícias da Assembleia Legislativa como chefe de milícia, Jura foi condenado por homicídio e organização criminosa.
Daniela foi a deputada federal mais votada do Rio em 2022. O apoio do casal foi conquistado por Lula após uma dura disputa com o presidente Jair Bolsonaro, candidato derrotado à reeleição. Foi considerado fundamental para dar alguma penetração à campanha petista na Baixada Fluminense, região fortemente evangélica. Tanto a ministra como o prefeito são evangélicos. A nomeação, para o Ministério do Turismo, de Daniela - política sem experiência no setor - foi um sinal da gratidão do petista.
Câmara Municipal
Marcinho Bombeiro chegou à Presidência da Câmara de Vereadores de Belford Roxo. Ele foi preso no dia 22 de outubro de 2019 por policiais da 54ª DP (Belford Roxo) e da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. Marcinho foi denunciado pelo MPRJ pela acusação de ser o mandante das mortes de Bruno de Paula Silva e Lucas Patrick da Silva Gomes.
O político se afastou da Presidência da Câmara em setembro de 2019, um mês antes da prisão, após uma operação do GAECO/MPRJ e da Polícia Civil cumprir mandados de busca e apreensão na Casa Legislativa e nos endereços dos quatro denunciados pelo duplo homicídio.
De acordo com o MPRJ, Marcinho Bombeiro e um comparsa se dirigiram ao bairro Andrade de Araújo, em Belford Roxo, e atiraram contra três rapazes que se recusaram a entrar em seu carro. De acordo com a denúncia, o grupo, conhecido como “Tropa do Marcinho”, fazia parte de uma milícia atuante no bairro Andrade de Araújo. O grupo ameaçava usuários de maconha, segundo o MPRJ, “com extrema violência e ostentando armas de fogo de grosso calibre pela localidade”.
O Estadão não conseguiu falar com a defesa de Marcinho.
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