RIO - Réu na Justiça fluminense pela acusação de comandar uma milícia na Baixada Fluminense, o vereador Fábio Augusto de Oliveira Brasil, o Fabinho Varandão (MDB), participou ativamente da campanha eleitoral da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil) no ano passado. Sua identificação entre os apoiadores da ministra é mais um indício, surgido nesta semana, da proximidade de Daniela e seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, o Waguinho (União Brasil), de suspeitos, réus e condenados por ligações com grupos paramilitares da região. O casal apoiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno, no ano passado.
Varandão esteve ao lado da ministra do Turismo em comícios, caminhadas e atos de campanha nas eleições de 2022. Em pelo menos uma fotografia, aparece com Daniela do Waguinho, como também é conhecida. Segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra Varandão, o grupo do vereador atua no monopólio de distribuição de sinal clandestino de internet; da venda de gás de cozinha e de cigarros contrabandeados, além da exploração do serviço de moto-táxi.
“O vereador foi identificado como líder do grupo e contava com o apoio armado de policial militar e outros homens, como seguranças particulares e nas ações ilícitas do grupo paramilitar”, diz o MP. As acusações teriam sido confirmadas, segundo o MP, por meio de denúncias anônimas das vítimas e por testemunhas.
Segundo a promotoria, a milícia de Varandão exigia o pagamento de “taxa de segurança”. O MP do Rio diz ainda que o grupo paramilitar atua desde 2016 coagindo comerciantes e moradores dos bairros Vale do Ipê, Parque Amorim, lote XV, Jardim do Ipê, Vale da Mangueira, Vasco, Vona, Parque Roncali, São Vicente e Heliópolis. Nesses locais, Varandão participou de caminhadas ao lado de Daniela e Waguinho na campanha eleitoral do ano passado. réu
O réu foi eleito vereador em 2020, com 3.789 votos, e segue no mandato.
Prisão
Varandão foi alvo de mandados de prisão e busca e apreensão em dezembro de 2018. O MPRJ, por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), em conjunto com a DRACO, cumpriu mandados em endereços do ex-vereador e de empresas que exploram sinal de internet em Belford Roxo.
Durante a ação que prendeu o ex-vereador, foram apreendidas três armas, R$ 70 mil em espécie, colete a prova de balas, computadores e mais acessórios. Agora, Varandão responde o processo em liberdade.
Em sua defesa, a ministra divulgou nota com o mesmo texto das ocasiões anteriores, na qual “reafirma que não compactua com qualquer ato ilícito e cabe à Justiça o papel de julgar e punir. Por fim, esclarece que em sua campanha, recebeu o apoio de milhares de eleitores em diversos municípios do estado”.
O Estadão ainda não conseguiu contato com o vereador.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.