Ministro da Defesa diz que 150 militares atuam na busca de jornalista e indigenista na Amazônia

Na Câmara dos deputados, general Paulo Sérgio Nogueira disse que as as Forças Armadas estão fazendo de ‘tudo’ para localizar os dois e destacou que o Vale do Javari é uma região ‘crítica’

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Foto do author Daniel  Weterman
Atualização:

BRASÍLIA –O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, afirmou nesta quarta-feira, 08, que as Forças Armadas estão fazendo de “tudo” para localizar o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, desde que a pasta foi informada do desaparecimento dos dois registrado na última segunda-feira, 6.

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Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o general Paulo Sérgio disse desconhecer os motivos do desaparecimento e relatou que o Vale do Javari, onde os dois desapareceram, é uma região “crítica”. “Tudo está sendo feito”, afirmou o ministro ao relatar que 150 militares estão trabalhando nas buscas, entre integrantes do Exército, da Marinha e da Força Área Brasileira. Segundo o ministro, o trabalho foi determinado “imediatamente” após as primeiras notificações.

Na segunda-feira, contudo, quando o desaparecimento foi noticiado o Exército informou que só agiria “mediante acionamento por parte do Escalão Superior”. “Em resposta a demanda sobre o caso do desaparecimento de um indigenista e um jornalista inglês na região amazônica, o Comando Militar da Amazônia (CMA) está em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história, contudo as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior. Agradecemos a confiança depositada nas Forças Armadas”, informou na ocasião. Apenas na manhã desta terça-feira, dia 07, o Comando Militar da Amazônia, do Exército, e a Marinha mobilizaram aeronaves para intensificar a busca pelos dois desaparecidos.

Exército atua nas buscas de jornalista e indigenista na Amazônia  Foto: Comando Militar da Amazônia

Nesta quarta-feira, a Justiça determinou que a União reforce a estratégia de busca e apontou omissão, por parte do governo federal, do dever de fiscalizar as terras indígenas e proteger os povos indígenas isolados e de recente contato. “É uma área crítica, mas é uma área muito sensível, tem muito problema na área e a gente não tem noção do que pode ter acontecido”, disse o ministro, ao relatar que “conhece bem” a região. “A gente torce e reza para que sejam encontrados os dois sãos e salvos.”

Conforme o Estadão revelou ontem, um bilhete apócrifo com ameaças dirigidas a Bruno Pereira, que é servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e a líderes indígenas foi deixado no escritório de advocacia que representa a organização para a qual o indigenista vinha trabalhando voluntariamente, em Tabatinga (AM). Nesta quarta-feira, 8, o ministro da Defesa participou de uma audiência pública para explicar as compras de medicamentos e próteses penianas pelas Forças Armadas e foi questionado por parlamentares sobre o desaparecimento.

Bruno Pereira está desaparecido junto com o jornalista britânico Dom Phillips desde a manhã de domingo, dia 05. Os dois sumiram durante uma viagem de barco entre a comunidade ribeirinha de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Como revelou o Estadão, a região do Vale do Javari passou a ser alvo de disputa entre facções de narcotraficantes brasileiros, desde os anos 2000, por ser estratégica para escoamento de armas e drogas - produzidas no Peru e na Colômbia e que abastecem o mercado brasileiro e o europeu, atravessando os rios e portos brasileiros.

As facções mais presentes são o Comando Vermelho (CV), originário do Rio de Janeiro, e a Família do Norte, bando criado na periferia e nas cadeias de Manaus, mas que teve como trunfo o controle da chamada Rota do Solimões por alguns anos. Presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) nos anos 1990 e a maior referência nacional em estudos sobre povos isolados, o sertanista Sydney Possuelo afirmou ao Estadão que a expedição pela região é “extremamente arriscada”.

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