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Ministro dos Transportes deixa o cargo após denúncias de corrupção

Pasta é alvo de acusações de superfaturamento; cúpula do ministério já havia sido afastada.

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Por João Fellet

O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM), anunciou nesta quarta-feira sua demissão, quatro dias após uma reportagem denunciar indícios de corrupção em obras de rodovias e ferrovias federais. Segundo uma nota do Ministério dos Transportes, o ministro está determinado a "colaborar espontaneamente para o esclarecimento cabal das suspeitas levantadas em torno da atuação" da pasta. A nota diz ainda que ele encaminhará à Procuradoria-Geral da República pedido para abertura de investigação nos Transportes e autorizará a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal. No sábado, uma reportagem da revista Veja apontou a existência de um suposto esquema de cobrança de propina em obras de rodovias e ferrovias. No dia seguinte à denúncia, Dilma já havia ordenado o afastamento de quatro dirigentes da pasta, entre os quais o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antônio Pagot, e o presidente da Valec Engenharia (estatal do setor ferroviário), José Francisco das Neves. Pouco antes do anúncio oficial, a presidente se reuniu com os cinco senadores do PR (Partido da República), agremiação que compõe a base aliada do governo no Congresso, em encontro no Palácio do Planalto, que também contou com os ministros Gilberto Carvalho (secretaria-geral da Presidência da República) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Dilma teria considerado que a situação de Nascimento se tornou insustentável nas últimas 24 horas. Nesta quarta-feira, uma reportagem do jornal O Globo revelou que o capital da empresa de Gustavo Morais Pereira, filho do ministro, cresceu 86.500% em dois anos. Segundo a nota do ministério dos Transportes, Nascimento reassumirá sua cadeira no Senado Federal e a presidência nacional do PR. Casa Civil Nascimento é o segundo ministro do governo a cair desde a posse da presidente Dilma Rousseff, em janeiro. Em maio, o então ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, deixou o cargo após uma reportagem revelar que seu patrimônio crescera ao menos vinte vezes enquanto ele era deputado federal. Em seu lugar, assumiu a então senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A saída de Palocci, considerado o principal negociador político do governo, fez a presidente também substituir o comando da Secretaria de Relações Institucionais: o ministro Luiz Sérgio, que então ocupava o posto, trocou de lugar com Ideli Salvatti, que chefiava o ministério da Pesca e Aquicultura. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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