Moraes diz que ‘mercantilistas estrangeiros’ tratam Brasil como colônia e manipulam redes sociais

Ministro do STF alega que ‘irresponsáveis ligados às redes sociais’ se uniram a ‘políticos extremistas’ para atacar a democracia e a Justiça; Moraes e Elon Musk, bilionário dono do X e da Tesla, têm tido embates por causa da suspensão de perfis de investigados por fake news

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Foto do author Julia Camim
Atualização:

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes disse que o Poder Judiciário e a Justiça Eleitoral brasileira estão acostumados “a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia e políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais”. O discurso foi feito nesta sexta-feira, 19, durante o lançamento da Pedra Fundamental do Museu da Democracia, no Rio.

Alegando que o Judiciário reage “para garantir a democracia” no País, o magistrado afirmou que “a Justiça Eleitoral não se abala e continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro sem qualquer responsabilidade”.


Ministro Alexandre de Moraes no lançamento do Museu da Democracia. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

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Moraes ainda disse que a Justiça voltou a ser atacada por meio da “união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais e políticos brasileiros extremistas”. Sem citar nomes, o ministro também fez referência às “correntes extremistas” que atacam as urnas eletrônicas.

Afirmando que o museu irá contar a história do combate ao “abuso do poder político e econômico”, Moraes disse que a democracia e a soberania brasileira são amaçadas por eles “reiteradas vezes” por causa de uma “mentalidade mercantilista” que se baseia no lucro e no autoritarismo “de novos políticos”.

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A fala se dá em um contexto de embates entre o ministro e Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) e da Tesla. A crise começou no último dia 6, quando o bilionário questionou as suspensões de perfis de investigados por atos antidemocráticos e disseminação de informações falsas sobre o processo eleitoral determinadas por Moraes. Sob argumento de que as ordens são uma forma de “censura”, Musk afirmou que o magistrado “traiu descaradamente e repetidamente a Constituição e a população do Brasil”.

Após as críticas, o ministro incluiu o empresário como investigado no inquérito das milícias digitais por “dolosa instrumentalização” do X e ordenou a abertura de um inquérito a parte para investigar se Musk cometeu obstrução de Justiça “inclusive em organização criminosa e incitação ao crime”.

O caso repercutiu entre os americanos e na quarta-feira, 17, o Partido Republicano dos Estados Unidos divulgou um relatório sobre a suposta “censura do governo brasileiro” ao X e outras redes sociais, como Facebook e Instagram.

A leitura feita pelos parlamentares e pelo próprio Musk, que disse que o STF desrespeita as leis brasileiras, é que as ordens de Moraes têm o objetivo de “censurar” a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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