Em um encontro para comemorar os 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Guararema, a 80 km da capital paulista, quatro ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enaltecerem o movimento. Marcio Macedo (Secretária-Geral da Presidência), Luiz Marinho (Trabalho), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Silvio Almeida (Direitos Humanos) foram aplaudidos por militantes e integrantes do grupo durante seus discursos.
Marcio Macedo afirmou que estava no evento para transmitir o “abraço carinhoso” do presidente. Ele disse que movimentos como o MST foram “imprescindíveis” durante o período, por exemplo, em que Lula cumpria pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato.
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“Foi muito difícil chegar até aqui e muita gente importante ajudou na resistência democrática: governadores, prefeitos, deputados, vereadores. Essas pessoas foram muito importantes. Mas tiveram os imprescindíveis, que foram os movimentos organizados deste País, que ficaram 580 dias falando ‘bom dia, boa tarde, boa noite, presidente. Antes de dormir, acende e apaga a luz para a gente saber que o senhor está vivo’”, disse Macedo.
“Eu fico pensando como seria o Brasil sem o MST, o PT, a CUT, as centrais que se formaram depois e os partidos de esquerda que se somaram nessa grande jornada pela democracia? Então, eu fiz questão de vir aqui para dizer que a vida é feita de símbolos e isso aqui é um símbolo importante de resistência democrática.”
Marinho afirmou que todos devem olhar para “o exemplo” que o MST dá. “Estava relembrando 40 anos. A fundação do MST, as 120 lideranças que se reuniram em Cascavel, depois o congresso e a participação de milhares de pessoas que participaram dessa história. Agradecimento pela existência do MST. É fundamental que todas as nossas instituições de esquerda, todas as nossas organizações olhem vários exemplos que o MST nos dá. Como dito aqui pelo José Dirceu, muitas vezes o MST nos empurra e nos mostra o caminho. Vamos democraticamente juntos na construção de uma unidade necessária no campo da esquerda para fazer o governo do presidente Lula ser vitorioso. É fundamental esse processo para que possamos, em algumas décadas, traçar uma vitória, distribuição de renda”, afirmou o titular do Trabalho.
Silvio Almeida diz carregar ‘gratidão’ ao MST
Titular do Ministério dos Direitos Humanos, Silvio Almeida disse que o MST serve como exemplo para ele por fazer e ensinar política de direitos humanos “há muito tempo”.
“O MST sabe a enorme gratidão que eu guardo, que eu carrego em relação ao MST, aos vários amigos que aqui tenho e ao exemplo que o MST tem fornecido para as lutas que o Brasil trava e ainda terá que travar. Esse momento, alguém já disse, é de celebração, mas é de gratidão, de agradecer e dizer às pessoas do movimento o quanto elas têm sido importantes para o Brasil”, disse Silvio Almeida.
“Quero revelar um aspecto especial dessa gratidão. Quero falar da gratidão que tenho na condição de ministro de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania. O presidente Lula me deu uma tarefa nada fácil, que é dar um novo sentido para políticas de direitos humanos no Brasil. E fiquei me perguntando ‘o que eu posso ter como exemplo para reconstruir, reconstituir, ressignificar dentro da conjuntura a política nacional de direitos humanos?’ Agora, eu pensei que o MST talvez pudesse ser esse exemplo, porque o movimento tem feito política de direitos humanos há muito tempo. Tem nos ensinando como fazer política de direitos humanos”, acrescentou.
Paulo Teixeira propõe ‘críticas mútuas’ a Stédile e diz que MST ‘une o povo brasileiro’
No comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que o MST é responsável por “unir o povo brasileiro”. No único momento de ponto crítico, o ministro disse ao líder do MST, João Pedro Stédile, que o governo e o movimento devem estabelecer críticas mútuas.
“Conheço o MST desde o primeiro dia. E quero dizer que tenho sentimento de gratidão, porque vocês unem o povo brasileiro. As inúmeras centrais sindicais, movimentos do campo e da cidade, partidos progressistas e de esquerda, intelectuais, religiosos. Vocês ajudam a unir o povo brasileiro, porque carregam nossos sonhos de um Brasil justo, carregam missões históricas do povo brasileiro”, disse Teixeira.
“Vamos estabelecer, João Pedro, clima de crítica mútua. Vocês nos criticam e nós criticamos vocês quando divergimos de alguma estratégia de vocês. Nós vamos estabelecer cada dia mais um ambiente de parceria para reforma agrária funcionar”, completou.
Entre os participantes, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino, ambos condenados no caso de compra de apoio parlamentar para o primeiro governo petista, que ficou conhecido popularmente como “mensalão”.
Ao jornal Folha de S. Paulo, Dirceu afirmou falar pouco com Lula atualmente. “Ele sabe o que eu penso e eu sei o que ele pensa”, disse o ex-ministro do primeiro governo do petista. Ele disse ainda estar focado nas eleições municipais deste ano e que, em 2026, conversará com o PT para tomar decisão sobre o que vai fazer.
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