Dois personagens chegaram aos assuntos mais comentados da internet esta semana após se envolverem em polêmicas sobre nazismo. O youtuber Bruno Aiub, também conhecido como Monark, foi desligado do Flow Podcast após defender a formalização de um partido nazista no País, o que é proibido. Analisando esse episódio, o escritor e até então comentarista da Jovem Pan Adrilles Jorge fez um gesto que foi associado à saudação “sieg heil” e também acabou sendo demitido.
Não foi a primeira vez em que eles protagonizaram controvérsias. Formado em jornalismo, Adrilles ficou conhecido após participar da 15ª edição do programa Big Brother Brasil, da TV Globo. No reality, ele se apresentava como poeta e escritor. Em uma das situações mais polêmicas daquela edição, enquanto discutia com Luan, um participante negro, Adrilles disse: “Seu lugar é em outro confinamento, bandidinho”. Depois, pediu desculpas e disse ter se exaltado.
Na casa do BBB, Adrilles dizia ser apaixonado pela participante Tamires, que acabou desistindo do programa após alegar não suportar o convívio com o poeta. As investidas do ex-comentarista eram apontadas quase como uma obsessão. “Eu vou pedir para sair, sério. Não estou aguentando mais”, disse ela em um de seus últimos dias no reality. Depois de eliminado, o jornalista se defendeu: "Não sou um 'stalker', só cortejo mulheres".
Posteriormente, Adrilles foi contratado pela Jovem Pan, onde também passou a colecionar polêmicas. Falando sobre a morte de Marília Mendonça, no ano passado, o comentarista foi criticado por afirmar que a cantora não era uma “grande artista”. Em janeiro, fez uma declaração sobre o ator Tiago Abravanel que foi considerada homofóbica.
“Vão me chamar de homofóbico, mas dane-se. O Tiago (Abravanel) está muito gay. Ele não era tão gay assim. Ele está afetadinho e desmunhecado. ‘Oi, viado, não sei o quê’. Ele não era assim”, afirmou em um programa da emissora.
Gerou grande repercussão, também, a atitude de Adrilles em uma entrevista com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao fazer um questionamento ao mandatário, o humorista André Marinho disse que o chefe do Executivo só aceitava perguntas de ‘bajuladores’, se referindo ao ex-BBB. Momentos antes, o poeta havia dito ser um “tesão, no sentido metafísico da palavra”, receber Bolsonaro na emissora. A discussão entre os apresentadores fez com que o presidente abandonasse a entrevista.
Bruno Aiub, o Monark, começou a fazer vídeos para o YouTube em 2009. Na época, usava o extinto Orkut e fóruns de jogos para divulgar seu canal. O criador de conteúdo ganhou popularidade nos últimos anos ao fazer “gameplays” — o ato de se gravar jogando videogame — e, sobretudo, após fundar o podcast Flow com o amigo Igor Coelho, o “Igor3K”.
No podcast de entrevistas, descrito pelos criadores como “uma conversa de boteco”, Aiub gerou repercussão negativa diversas vezes por expressar opiniões controversas. Em outubro de 2021, o youtuber defendeu o ‘direito’ de ter opiniões racistas, já que, segundo ele, “é a ação que faz o crime”. Em um tweet que se tornou viral naquele mês, ele indagou: “ter uma opinião racista é crime?”.
Em outro episódio, Monark comparou a homofobia ao ato de beber refrigerante. Segundo ele, apoiar ou não a comunidade LGBTQIA+ seria comparável a aceitar ou recusar a bebida. Conversando com o humorista Antonio Tabet, o youtuber afirmou que o direito de expressar gostos pessoais deveria ser o mesmo para expressar pensamentos homofóbicos.
Em 2020, Aiub argumentou que a pedofilia deveria ser permitida na internet porque ajudaria a “aliviar” desejos sexuais por crianças no mundo real. “Você não acha melhor um cara fantasiando com seus fetiches pedófilos na internet do que pondo em prática?”, indagou.
Após ser demitido do Flow, Monark afirmou que vai continuar produzindo conteúdo por conta própria e disse “assumir o erro” no modo de se expressar sobre nazismo, pedindo desculpas. O youtuber publicou um vídeo se defendendo das críticas que recebeu, disse ter abordado o assunto "de um jeito burro" e alegou estar "muito bêbado" durante a gravação do podcast. Em uma última públicação em sua rede social, Aiub alegou estar vivendo um "linchamento desumano" e se defendeu novamente.
Adrilles alegou ser vítima da “cultura do cancelamento” e descreveu seu aceno como um “tchau”. Ao Estadão, o escritor disse estar “pasmo” pela repercussão do gesto. Nas redes sociais, ele afirmou que seu "cancelamento" foi "o mais patético e odioso da história" e atribuiu sua demissão a uma "turba canceladora e sua sanha de sangue". "A insanidade dos canceladores ultrapassou o limite da loucura", escreveu.
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