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Labirintos da Política

Opinião|Bolsonaro e Lula já começaram o aquecimento para a corrida com barreiras das eleições municipais

Enquanto ex-presidente atropela aliados para fazer valer força de seu grupo, Lula sofre pressões onde aliados vão se enfrentar

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Foto do author Monica  Gugliano

Assim, do nada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou, no domingo, durante sete minutos em cadeia de rádio e televisão, sobre o primeiro ano e seis meses do seu governo. Embora ele não estivesse comemorando alguma efeméride, Lula e seus assessores de comunicação acharam por bem lembrar aos eleitores as realizações desse período. Principalmente na área econômica. Não faltaram no pronunciamento algumas citações sobre o desmonte promovido pelo então presidente Jair Bolsonaro principalmente em ministérios como da Saúde, Educação, Meio Ambiente, e, é evidente, a tentativa de golpe do 8 de janeiro.

Embora com um pequeno crescimento na aprovação do governo, revelado pelas últimas pesquisas de opinião, está muito nítida na memória do PT a pequena diferença na votação em 2022 que deu a vitória a Lula. Portanto, o partido quer recuperar o terreno perdido e chegar a 2026 em uma situação mais confortável, com um bom número de vereadores eleitos e, se possível, administrando importantes cidades do País, como São Paulo, onde o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, e sua vice, a petista Marta Suplicy, vão mobilizar recursos e esforços.

Lula e Bolsonaro vão medir forças novamente por meio de seus candidaatos na disputa eleitoral de 2024 Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

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Nas demais cidades do País, entretanto, Lula terá que pular muitas barreiras para contornar as pressões onde aliados vão se enfrentar. Lula não pretende subir em todos os palanques, mesmo em capitais, e pretende ir aos lugares, onde haja chance real de vitória. Esse é o desejo do PT. Porém, partidos aliados como o PSD discordam e querem igualdade de tratamento. Um dos melhores exemplos dessa confusão está em Belo Horizonte. A candidatura do PT, com o deputado federal Rogério Correia (PT), não é unanimidade nem entre os próprios petistas. Isso porque, se ele mantiver seu nome na disputa, enfrentará o atual prefeito da cidade, Fuad Noman, do PSD de Gilberto Kassab, que não gostou nem um pouco da ideia.

Bolsonaro, por sua vez, que vira e mexe atropela uma barreira na corrida, segue andando pelo País com um único objetivo: eleger vereadores suficientes para que eles deem sustento aos nomes que vão disputar vagas para o Senado em 2026. O ex-presidente acredita que, se conseguir eleger esses senadores – teriam que ser, pelo menos 41 – terá chances de reverter a condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível até 2030.

As condicionantes para que o plano de Bolsonaro dê certo são tantas que observadores de outros partidos duvidam que essa estratégia funcione. Até por que as articulações do ex-presidente passam por cima de tudo e de todos desde que ele ache que pode atingir seus objetivos. Foi isso que aconteceu na prefeitura de Campo Grande (MS), onde Bolsonaro acabou com o acerto que fizera com o PP da senadora Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura, e o apoio do presidente do PL, seu partido, Valdemar Costa Neto. Levou o PL a apoiar o PSDB com o pré-candidato deputado federal Beto Pereira.

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Há poucos dias, o ex-presidente se desentendeu com o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), um de seus principais aliados na região Norte. O PL está apostando no deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) e escanteou o deputado estadual Roberto Cidade, do União, presidente da Assembleia Legislativa.

É tanta mudança e confusão que alguns gaiatos no Congresso já apelidaram a dupla Bolsonaro e Valdemar (proibidos de se encontrarem e de se falarem por determinação da Justiça) de “Pink e Cérebro”, os personagens de um desenho animado que fez muito sucesso na década de 90. Eles queriam dominar o mundo, mas as trapalhadas de Pink destruíam os planos feitos por Cérebro. Os inventores da denominação só não revelam quem é um e quem é o outro.

Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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