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Labirintos da Política

Opinião | Exército vive seu ‘annus horribilis’ e tentará manter Força dentro da normalidade em 2025

Após um 2024 de constrangimentos, militares sabem que novos percalços virão no ano que se inicia, mas também esperam colher boas notícias

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Foto do author Monica  Gugliano

Se os comandantes do Exército tivessem que definir em pouquíssimas palavras como foi o ano de 2024, certamente recorreriam a já usada expressão pela então Rainha Elizabeth II (1926-2022) para expressar como se sentia em relação a 1992, em que teve separações, escândalos na família Real e um incêndio no Castelo de Windsor. Annus horribilis disse sua Majestade. Por aqui, no QG em Brasília, onde trabalha o comandante Tomás Paiva, o chefe do Estado Maior, Richard Nunes, e todos os meses se reúne o Alto Comando, a situação, à sua maneira, foi muito difícil também. E ainda não terminou. Prepara-se para as reminiscências que virão no 8 de janeiro, data em que completa um ano a tentativa de golpe comandada não pela instituição (que rechaçou o rompimento do estado democrático), mas por muitos dos seus mais graduados oficiais.

Prepara-se ainda para os próximos 12 meses de 2025 que também se anteveem horribilis. Há entre as pelo menos 40 pessoas indiciadas na investigação sobre um plano que visava um golpe de estado e o assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Prisão de Walter Braga Netto por atrapalhar investigações sobre a tentativa de golpe no qual foi um dos chefes, segundo a PF, foi momento difícil para o Exército em 2024 Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Os investigados são acusados pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa no inquérito da PF. Entre os indiciados estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Walter Braga Netto e o general de brigada na reserva Mario Fernandes o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins, estes cinco últimos já presos. Sem falar no fantasma da prisão que assombra os generais reformados Augusto Heleno e Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro – que fez um acordo de delação premiada e por meio de quem a Polícia Federal (PF) desvendou boa parte da trama golpista.

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Uma substancial parcela desses inquéritos está na Procuradoria-Geral da República (PGR) e o procurador tem evitado estabelecer prazos para devolver os processos. A estimativa é que se eles não precisarem de novas diligências vão para o STF nos primeiros meses de 2025. Isso quer dizer que novas informações podem aparecer, novos envolvidos podem ser citados e entre os já indiciados muitos podem seguir o rumo de Braga Netto: a cadeia.

Mas apesar de todo esse cenário negativo, o Alto Comando do Exército fará todo o esforço possível para manter a Força dentro da normalidade, como vem sendo feito até agora. O primeiro de uma série de BlackHawk vai chegar agora, bem como novos blindados. Sem esquecer da grande novidade que será o alistamento feminino. Ainda é cedo para prever o quão horribilis pode vir a ser o próximo ano para o Exército. Mas, se depender do comandante, Tomás Paiva, será investido tudo que for possível para que o clima melhore e mesmo que o ano não vire annus mirabilis (maravilhoso), que, pelo menos dê uma trégua.

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Feliz 2025 para todos!

Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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