Moro diz que visita de integrante do CV a ministério mostra que crime está confortável com o governo

Sergio Moro disse ver com preocupação que pessoas ligadas a facções se sintam à vontade para conversar com o Ministério da Justiça e Segurança Pública

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Atualização:

BRASÍLIA - O senador e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro (União Brasil-PR) afirmou considerar “muito estranho” que pessoas ligadas a organizações criminosas se sintam confortáveis em visitar o atual Ministério da Justiça. O Estadão revelou nesta segunda-feira, 13, que uma integrante do Comando Vermelho teve reuniões em Brasília com quatro assessores do ministro Flávio Dino.

“Gera alguma preocupação pessoas ligadas a organizações criminosas se sentirem à vontade para fazer visitas ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Normalmente isso não é usual”, disse Moro, em conversa com o Estadão.

Luciane Barbosa Faria e o secretário nacional de políticas penais do MJ, Rafael Velasco Brandani Foto: Reprodução: Instagram/ @associacaoliberdadedoam

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“O Ministério da Justiça do governo do PT acaba ficando vulnerável a esse tipo de visitação pois há uma expectativa de que os pleitos sejam atendidos. Isso é bastante ruim, por isso é importante que as pautas das reuniões sejam reveladas e se foi realizado algo de concreto a partir dos encontros”, acrescentou o senador.

Conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, Luciane Barbosa Farias esteve no Ministério da Justiça em março e maio para encontros com o secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz; Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen); Paula Cristina da Silva Godoy, da Ouvidoria Nacional de Serviços Penais (Onasp); e Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária da Senappen.

O nome de Luciane Barbosa foi omitido das agendas oficiais das autoridades. Ela é esposa do traficante Tio Patinhas e foi condenada a 10 anos de prisão por associação com o tráfico, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Nas reuniões, ela se apresenta como presidente de uma ONG que atua com direitos humanos de presos.

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Sergio Moro pontuou ainda que, quando estava ministro da Justiça, a Pasta costumava fazer o controle de quem ingressava no prédio. Para ele, o descuido do atual governo que reflete a falta de comprometimento com a segurança pública.

“É só pedir a lista das pessoas que comparecerão e fazer um background, uma verificação. Não devem ter feito, imagino, e isso foi um descuido. Mas o fato mais significativo é: por que pessoas ligadas a esses grupos se sentem confortáveis em fazer essas visitas? Por que não tem um cuidado maior em fazer esse crivo sobre quem comparece nas reuniões?”, questionou o ex-ministro da Justiça.

MORO BRASÍLIA DF 08.11.2023 SERGIO MORO/REFORMA TRIBUTÁRIA/VOTAÇÃO SENADO  POLÍTICA OE - Sessão deliberativa Ordinária de votação da Reforma Tributária realizada nesta quarta-feira (08) no plenário do Senado Federal em Brasília. O Senado aprovou a reforma em dois turnos, 53 senadores foram favoráveis e 24 contrários. Na foto, o senador Sérgio Moro (União-PR). FOTO:WILTON JUNIOR/ESTADÃO Foto: Wilton Junior / Estadão

“O Ministério deve explicações mais precisas a respeito do que houve e precisa rever completamente os seus procedimentos, além de adotar uma política pública rigorosa contra as organizações criminosas, o que ainda não fez”, prosseguiu.

Nas redes sociais, Moro usou tom ainda mais ácido ao comentar o caso. “Na minha época do Ministério da Justiça, até recebíamos criminosos em Brasília, mas eles iam direto para o presídio federal”, ironizou.

A reportagem do Estadão também procurou os ex-ministros Raul Jungmann e Eugênio Aragão para comentar a reportagem, mas eles não se manifestaram. Jungmann explicou que está presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e que, por isso, não pode comentar. “Não vou querer me manifestar. Fica ruim para mim falar de falhas na gestão Dino”, acrescentou, por sua vez, Aragão.

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