Morreu na madrugada desta segunda, 20, em Limerick, na Irlanda, o padre Jaime Crowe, que virou símbolo da luta contra a violência na periferia de São Paulo desde que se mudou para o Brasil, em 1969. Aos 77 anos, ele foi vítima de uma parada cardíaca.
Padre Jaime foi pároco até 2021 da Paróquia dos Santos Mártires, no Jardim Ângela, bairro marcado pela violência no extremo da zona sul. Em nota, a Sociedade dos Santos Mártires lamentou a perda do “sacerdote que dedicou sua vida à luta pela equidade, pelos direitos humanos e pela paz para todas as pessoas”.
Diversos políticos e entidades da sociedade civil lamentaram a partida de padre Jaime, que foi homenageado no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo em 2019 por causa dos seus 50 anos no Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou seu trabalho pela paz.
Ao longo de mais de cinco décadas, o sacerdote trabalhou incansavelmente contra a ditadura, ao lado de dom Paulo Evaristo Arns, e pela paz no Jardim Ângela. Quando o bairro era considerado o mais violento do mundo, segundo a ONU, em função da alta taxa de homicídios nos anos de 1990, foi ele quem organizou a famosa Caminhada pela Vida e pela Paz, que reuniu parentes de vítimas e chamou a atenção para a região.
Crowe também ajudou a criar o Fórum em Defesa da Vida e pela Superação da Violência, que reúne mais de 200 entidades.
Pelas redes sociais, o diretório do PT em São Paulo manifestou pesar pelo falecimento e destacou que o padre fazia parte de uma “geração ímpar de padres da Teologia da Libertação” que seguia os ensinamentos de dom Evaristo Arns, com quem criou as comunidades eclesiais de base.
Ex-prefeito da capital e atual ministro da Fazenda, o petista Fernando Haddad usou as redes para dizer que o padre foi uma das pessoas mais dedicadas que conheceu. “Pessoa insubstituível”, afirmou.
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