Mourão usa a idade e o cargo político como justificativa por não ajudar presencialmente no RS

Em entrevista à Radio Gaúcha nesta sexta-feira, o general Hamilton Mourão diz que sua função é trabalhar no Parlamento e argumenta não ter a obrigação de se deslocar do ponto A ao ponto B

PUBLICIDADE

Foto do author Jean Araújo

Após ser cobrado pela ausência em ajudar a população gaúcha que enfrenta enchentes em todo o Rio Grande do Sul (RS), o senador eleito pelo partido Republicanos do Estado, Antonio Hamilton Mourão, alegou que isso seria um “desvio de função” e também usou a idade avançada como justificativa.

PUBLICIDADE

“Vamos lembrar que eu sou um homem de 70 anos de idade. Quantos homens de 70 anos de idade estão no meio da água aí? Vocês disserem que tem alguém da minha idade salvando gente. Mas, eu não vejo isso como minha função. Eu estaria tendo um desvio de função, essa é minha visão”, disse Mourão nesta sexta-feira, 24, durante uma entrevista à Radio Gaúcha.

Na conversa, Mourão também diz que durante todo esse tempo que o Estado passa pela crise climática, ele estava trabalhando pelo RS, porém à distância. “Onde é que trabalho? Eu trabalho aqui no Parlamento em Brasília. Esse e o local que o povo gaúcho me colocou e onde tenho que buscar por meio da melhoria da legislação atender aos anseios da nossa população”, afirma.

O senador, que também é general e foi vice-presidente da República no governo de Jair Bolsonaro, disse que estava no RS desde primeiro de maio e realizou uma reunião na Assembleia Legislativa no dia 3, data antes da capital, Porto Alegre, ser evacuada.

Publicidade

Senador general Hamilton Mourão (Republicanos-RS) Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão

Ele diz hoje o que é possível fazer como senador é encaminhar recursos, mas que não cabe a ele estar presente fisicamente nos locais afetados. “Eu não sou executivo. Eu não tenho a missão de estar me deslocando do ponto A para o ponto B. Eu tenho é que criar facilidades para os responsáveis por executar as tarefas consigam fazê-las”.

Ao ser questionado sobre a importância de senadores irem às comunidades atingidas para entenderem a dimensão da situação, Mourão fala que há uma escala, na qual o contato direto com a comunidade é o vereador, seguido do deputado estadual, depois o deputado federal e por fim o senador.

“O senador representa o Estado como um todo. Então eu tenho uma responsabilidades perante o Estado por completo e não apenas a comunidade focalizada.” Ele ainda relata que vive de maneira discreta e diz não gostar de expor as ações políticas que pratica.

“Eu já mandei inúmeras carretas de doação para o Rio Grande do Sul e sem falar nada. Não compete a mim estar falando isso, não vejo dessa forma. “Vi a crítica que vem sendo feita, aceito a crítica, mas aproveitando a oportunidade que vocês estão me dando para mostrar a forma que eu vejo. O meu trabalho para que as pessoas saiam dessa situação difícil é um trabalho silente, contínuo e sem querer capitalizar politicamente”, explica.

Publicidade

Situação no Rio Grande do Sul

Segundo última atualização da Defesa Civil gaúcha, postada às 09h23min desta sexta-feira, 469 municípios sofrem com as enchentes. Há 163 mortes confirmadas, 806 pessoas estão feridas e 65 desaparecidos. Ao todo, 2.342.460 foram afetadas de alguma maneira pela catástrofe ambiental.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.