MST inicia desocupação de fazendas da Suzano após governo negociar mais verbas para reforma agrária

Representantes do movimento haviam se reunido com ministro da Fazenda, Fernando Haddad; barracas são desmontandas em áreas invadidas no Espírito Santo

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Um dia depois de o governo ter prometido destinar mais verbas para a reforma agrária, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) iniciou nesta sexta-feira, 21, a desocupação das áreas da Suzano, invadidas desde a última segunda-feira, 17, em Aracruz, no Espírito Santo. Nas primeiras horas da manhã, os barracos começaram a ser desmontados em uma das áreas invadidas, no Distrito de Jacupemba. Nesta quinta, 20, após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi anunciado que o governo estudaria um aumento nas verbas destinadas para reforma agrária de R$ 200 milhões para R$ 400 milhões.

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O MST informou, através da assessoria de imprensa, que o prazo para retirada completa dos integrantes do movimento das áreas da Suzano vai até o próximo dia 27 “para que haja o cumprimento dos protocolos necessários para a saída das famílias da área.”

Cerca de 200 integrantes do movimento invadiram duas áreas da Suzano cultivadas com eucalipto na madrugada de segunda-feira. Além da área de Jacupemba, foi tomada outra fazenda na Vila do Rancho. O MST alegou que são terras “griladas” do patrimônio estadual. Na noite do mesmo dia, o juiz Fabio Luiz Massariol atendeu a pedido de reintegração de posse da empresa e deu liminar determinando a saída dos invasores em caráter de urgência. O magistrado fixou multa de R$ 5 mil por hora para cada manifestante que permanecesse no local e proibiu a ocupação de outras áreas, sob pena de multa de R$ 10 mil por dia de descumprimento da ordem.

MST ocupou, na madrugada desta segunda-feira, 17, uma propriedade da empresa fabricante de papel e celulose Suzano, em Aracruz, no Espírito Santo. Foto: MST ES

O prazo venceu na quarta-feira, 19, mas o MST conseguiu adiar a saída após reunião que envolveu o governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, e a Polícia Militar estadual, além de representantes da empresa. Ficou definido que as áreas estarão totalmente desocupadas e vistoriadas até o próximo dia 27. As invasões fizeram parte do “Abril Vermelho”, a jornada de lutas do movimento que resultaram na ocupação de dez áreas produtivas – 8 em Pernambuco, incluindo uma unidade de pesquisas da Embrapa Semiárido, e as duas áreas da Suzano no Espírito Santo.

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As terras ficam no norte do Estado, fazendo divisa com o sul da Bahia, onde três fazendas da empresa de celulose já haviam sido invadidas há pouco mais de um mês. As áreas da Bahia foram desocupadas depois de negociações intermediadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Desta vez, além da promessa de mais verbas para a reforma agrária, o MST conseguiu a nomeação de simpatizantes para superintendências do órgão incumbido de aplicar os recursos, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O governo nomeou novos chefes para 19 superintendências estaduais.

Nesta quinta, após a reunião com o ministro da Fazenda, em São Paulo, o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues, disse que a área da Embrapa Semiárido, invadida no último domingo, 16, em Petrolina (PE), também seria desocupada. O líder disse que a desocupação começaria depois que o movimento conseguisse uma área para a instalar as 800 famílias que estão no local.

A retirada dos invasores já foi determinada pela justiça, em ação de reintegração de posse movida pela Embrapa. Na manhã de quinta, um oficial de justiça intimou as lideranças para saída imediata. Já nesta sexta, segundo a Polícia Militar, os integrantes do MST ainda permaneciam na área. A Embrapa informou que a expectativa era de que a saída dos sem-terra acontecesse durante este fim de semana.