Integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiram mais duas fazendas nesta quinta-feira no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado. Numa delas, encontraram armas de fogo que seriam usadas por jagunços. Cerca de 100 militantes entraram na Fazenda Porto Maria, em Rosana, enquanto outro grupo com 70 sem-terra invadiu a Fazenda do Aprumado, em Rancharia. Com essas, já são seis as fazendas invadidas na região desde a fase final da campanha que reelegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O movimento retomou as ações depois de quase quatro meses sem realizar ocupações no Pontal. De acordo com a assessoria de imprensa do movimento, as duas fazendas foram adquiridas pelos órgãos da reforma agrária e não foram destinadas aos acampados da região. A Porto Maria tem 1.565 hectares e foi arrecadada há dois anos pelo Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp). De acordo com o MST, depois disso, 500 hectares foram repassados ao fazendeiro Miro Conti. "Para denunciar a situação, os trabalhadores que estavam acampados na frente da fazenda fizeram a ocupação", informa a nota do movimento. Os sem-terra querem a retomada da área e o assentamento das famílias nos outros 1.065 hectares. O Itesp informou que os 500 hectares foram cedidos ao proprietário como parte da negociação para a obtenção do restante das terras. Armas no local Durante a invasão da Porto Maria, os militantes encontram três espingardas - uma winchester e duas de cano longo - escondidas no local. As armas foram levadas à Delegacia de Polícia. Três pessoas, a quem pertenceriam as espingardas, foram detidas e estavam sendo ouvidas no final da tarde. Segundo o MST, as armas de fogo eram utilizadas por pistoleiros da região para perseguir os sem-terra. A Fazenda do Aprumado, com 500 hectares, pertencia ao ex-governador do Estado, Paulo Egydio Martins, e também foi adquirida com recursos do Incra. Os sem-terra, segundo o MST, invadiram a área para cobrar agilidade do órgão federal no assentamento das famílias. A fazenda já havia sido invadida outras quatro vezes. O presidente da UDR estranhou que os sem-terra tivessem encontrado armas na fazenda. Segundo ele, dois dias antes a Polícia Militar fizera uma busca na propriedade e nada encontrou. Ele lamentou a retomada das invasões. "A reforma agrária não pode ser feita de forma criminosa." Segundo ele, as ações, após a eleição, mostram que o movimento tem ligação política. "Muitos integrantes estavam envolvidos com a campanha do PT." O MST voltou a negar que tenha dado trégua ao governo durante o período eleitoral. Segundo o movimento, as invasões só vão parar quando forem assentadas as 1.500 famílias que continuam acampadas na região.
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