MST realiza ações coordenadas em todas as regiões do Brasil

Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, as manifestações tiveram como objetivo reivindicar mais apoio à reforma agrária. A organização foi contemplada com R$ 750 milhões no Orçamento de 2025, após ajustes feitos pelo governo Lula

Foto do author Adriana Victorino
Atualização:

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveu mais de 70 ações de protestos e invasões entre os dias 11 e 14 de março, em todas as regiões do Brasil. As manifestações reivindicam mais apoio à reforma agrária e criticam o agronegócio.

Em São Paulo, manifestantes protestaram na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Em Minas Gerais, o MST participou do ato #8M em Belo Horizonte, ao lado de sindicatos, partidos e movimentos populares, contra a violência de gênero. Já no Espírito Santo, em uma das principais ações do movimento, os manifestantes invadiram uma área da empresa Suzano, em Aracruz, em protesto contra suas operações.

MST patrocinou manifestações em todo o País Foto: ALEX SILVA /ESTADAO

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A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou as invasões em áreas de cultivo de eucalipto, afirmando que violam o direito à propriedade privada. Em nota, a entidade declarou esperar que o MST se adeque à legislação “sem prejuízos patrimoniais às empresas”.

A Suzano afirmou que as invasões geraram “estranheza, uma vez que acontece em um contexto de diálogo frutífero entre a companhia, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), com importantes convergências alcançadas em agendas entre os envolvidos e representantes do governo federal”. Em nota, a empresa afirmou que já obteve uma decisão liminar favorável ao pedido de reintegração de posse.

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Ações ocorreram em todas as regiões do País

No Nordeste, mulheres denunciaram a contaminação de rios pela Mineração Vale Verde, em Alagoas. Na Bahia, famílias invadiram terras na Chapada Diamantina para exigir sua destinação à Reforma Agrária. No Ceará, houve invasão no Perímetro de Irrigação Tabuleiro de Russas, área estratégica para o agronegócio.

No Rio Grande do Norte, manifestantes protestaram contra conflitos territoriais gerados, segundo o movimento, pelo avanço da energia renovável. Além disso, camponesas bloquearam a BR-101 em Sergipe e distribuíram alimentos, enquanto na Paraíba e no Piauí, os protestos denunciaram os impactos de projetos energéticos e privatizações.

No Sul, mulheres ocuparam uma praça em São José do Cedro (SC) e protestaram no Rio Grande do Sul contra a empresa CMPC, acusada de prejudicar o bioma Pampa com suas atividades de silvicultura. No Paraná, o coletivo Marmitas da Terra realizou uma chamada “ação de solidariedade” no território indígena Cristo Purunã.

Ações do MST no Centro-Oeste incluíram o plantio de árvores e a distribuição de alimentos em um acampamento no Distrito Federal. Em Goiás, o movimento organizou debates sobre a Reforma Agrária no Acampamento Dom Tomás Balduíno. No Mato Grosso, manifestantes protestaram na Assembleia Legislativa contra projetos que ampliam o desmatamento e flexibilizam o uso de agrotóxicos.

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No Norte, mulheres invadiram um trecho da BR-010 no Maranhão e participaram de uma audiência pública na Câmara Municipal de Parauapebas, no Pará. Em Roraima e no Tocantins, os debates focaram no enfrentamento ao agronegócio e na segurança das trabalhadoras rurais.

Governo Lula remanejou R$ 40 bilhões no Orçamento de 2025 beneficiando aliados do MST

O governo Lula remanejou cerca de R$ 40 bilhões no Orçamento de 2025 para aliados e programas petistas, incluindo o MST. As novas despesas, enviadas pelo Ministério do Planejamento ao Congresso, serão financiadas por cortes em outras áreas.

O MST está contemplado em duas frentes, que somam R$ 750 milhões. São R$ 400 milhões para a aquisição de alimentos da agricultura familiar e mais R$ 350 milhões para o Fundo de Terras e da Reforma Agrária.

Na última sexta-feira, Lula esteve, pela primeira vez no atual mandato, em um assentamento do MST, onde ouviu críticas e disse saber quem são “os aliados históricos e os de ocasião”.

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