BRASÍLIA - A mulher e a filha do presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmaram que a conta que estava no nome delas na Suíça era “abastecida” pelo peemedebista.Cláudia Cruz e Danielle Dytz prestaram depoimento no dia 28 de abril à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e negaram irregularidades nos gastos milionários realizados pela família no exterior.
Durante manifestação no Conselho de Ética da Câmara nesta quarta-feira, 1, a defesa do peemedebista reiterou diversas vezes que não havia provas materiais da existência de contas fora do País atribuídas a Cunha. O relator do caso sugeriu a cassação do peemedebista.
Segundo Cláudia, a conta batizada de Kopep “foi aberta única e exclusivamente para custeio dos filhos no exterior”. Ela afirmou à força-tarefa que “não declarou as contas às autoridades brasileiras porque quem era o responsável por isso” era Cunha.
A mulher do peemedebista disse ainda que não fazia ideia qual era o salário de um deputado federal e que nunca perguntou ao marido de onde vinha o dinheiro utilizado no exterior.
Cláudia afirmou que “auferia a renda com a atuação do mercado financeiro e empresarial” e que a família sempre teve um alto padrão de vida e, por isso, considerava os gastos normais. Ela disse também que sempre perguntava a Cunha se poderia fazer aquisições de luxo e ele autorizava.
Em seu depoimento, Danielle disse que ainda era financeiramente dependente do pai, apesar de ter uma empresa em seu nome e ter um rendimento mensal que variava entre R$ 5 mil e R4 10 mil.
Ela também afirmou que o pai “sempre gerenciou a sua vida financeira, mesmo quando foi casada, não vendo nenhum problema nesse fato”.
Assim como Cláudia, ela disse nunca ter questionado Cunha sobre a origem do dinheiro e que “presumia que o dinheiro que mantinha o alto padrão de vida da família era proveniente do patrimônio da atividade anteriormente desenvolvida” pelo peemedebista.
Cunha é alvo de uma denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa das contas que mantém no exterior. A suspeita é que elas eram alimentadas com dinheiro de propina desviado de contratos da Petrobrás.
Como uma das contas está no nome de Cláudia e tem Danielle como beneficiária, o caso foi enviado ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba. O desmembramento, no entanto, causa apreensão em Cunha. Em novo recurso, os advogados da mulher e da filha voltaram a pedir para que o processo tramite junto ao do peemedebista no STF.
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