BRASÍLIA - Um gigantesco mar de gente tomou conta da Esplanada dos Ministérios neste domingo, 1º, para celebrar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Desde a madrugada, quando os primeiros apoiadores de Lula começaram a chegar ao local, era grande a expectativa sobre possibilidade de ver o presidente eleito, se sairia em carro aberto, como seria a entrega da faixa.
O público, que cantou durante todo o dia, se emocionou quando o Rolls-Royce surgiu nas imagens dos telões instalados ao longo do canteiro central da Esplanada. Lula, acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e do vice-presidente Gerado Alckmin e sua mulher, Lu Alckmin, saíram em carro aberto.
Milhares correram para encontrar um local na beira do alambrado instalado pelas equipes de segurança, para presenciar um dos atos mais simbólicos da posse presidencial. Com a aproximação do carro, uma forte comoção tomava conta de quem acompanhava o cortejo. Pessoas subiram nos ombros de outras para ver melhor, subiram nas árvores, em cima dos banheiros químicos.
Georgina Ramo, de 42 anos, se esticou como pôde entre a multidão para tentar ver o presidente. Bancária, ela veio de Olinda, Pernambuco, para a festa da posse. Tinha dificuldades para falar, por causa da emoção. “A vitória de Lula é a reconquista da democracia, é a vitória do povo, finalmente o amor venceu o ódio. Finalmente, nós vamos reconquistar nossos direitos, e nossos deveres, como cidadão. Estamos de volta, e eu estou extremamente emocionada. O amor venceu o ódio”, disse.
Ricardo Correia, de 46 anos, professor de Educação Física, contou que veio do Rio de Janeiro para ver a posse. Em prantos. “É a reconstrução do Brasil, um Brasil melhor, com oportunidade para todos, é o retorno da democracia, a esperança, o renascimento de um País que foi destruído”, comentou.
O evento foi marcado pela presença de pessoas de todas as idades, famílias e origens das mais distintas regiões do País. As emoções que marcaram a posse também foram acompanhadas de uma boa dose de paciência de quem esteve Festival do Futuro e que precisou encarar filas enormes por uma garrafa d’água, uma cerveja, um pastel ou um espetinho de carne.
Uma enorme estrutura com áreas de alimentação foi montada pela organização, mas claramente não conseguiu fazer frente às filas gigantescas que se formaram por todos os lados.
Centenas de pessoas aguardam até uma hora para conseguir comprar uma lata de cerveja a R$ 10. Os churrasquinhos vendidos a R$ 10 exigiam, ao menos, 40 minutos de espera. A organização colocou caixas de água ao longo do evento, onde as pessoas podiam abastecer suas garrafas, mas só depois de pegar mais de 30 minutos de fila.
Debaixo de um sol quente que costuma marcar os dias de posse, Débora Ribeiro, de 27 anos, carregava no colo, no meio da multidão, a pequena Ellen Aguiar, de apenas 9 meses, e Sofia Ribeiro, de 9 anos.
“É uma alegria enorme estar aqui. É a festa da democracia. Lula é nosso presidente e vai ajudar a gente, vai melhorar o País, o Nordeste”, disse Débora, que é do Maranhão. Acompanhada do irmão Mateus Ribeiro, 24 anos, ela organizou tudo para ficar até o fim da festa, que tem programação de shows prevista até as 2 horas da madrugada do dia 2 de janeiro.
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