MURICI E ARAPIRACA (AL) - De falta de investimentos ao longo das últimas décadas, a cidade de Murici, onde nasceu o senador Renan Calheiros (PMDB), a 44 km de Maceió, não reclama. Com 28 mil habitantes, o município não conseguiu, no entanto, se recuperar do abalo do fechamento de uma antiga usina de cana.
A perda da lavoura para a longa estiagem e o sumiço de empresas no rastro da crise econômica forçaram moradores a buscar emprego fora. De 1991, início da ascensão nacional de Renan, para cá, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no município passou de muito baixo (0,273) para baixo (0,527).
A poucos quilômetros da cidade, homens e tratores duplicam a BR-101. Uma outra rodovia, a BR-104, chegou aos limites do município. Um centro tecnológico federal, postos da Previdência e da polícia foram construídos. O nome do pai de Renan, Olavo, está na placa de identificação de um conjunto habitacional onde moram atingidos da cheia de 2010 do Rio Mundaú. A prefeitura, hoje ocupada por Olavo Neto (PMDB), sobrinho do senador, foi laboratório político do governador Renan Filho, que comandou o município de 2005 a 2010.
O motorista Manoel Vicente da Silva, de 55 anos, e a mulher, Maria Lúcia, de 53, contam que passam ao menos sete meses do ano em canaviais de Goiás. “Não tem serviço aqui”, diz Silva.
No outro lado do Estado, Arapiraca, de 240 mil moradores, transformou-se em um lugar de doutores. A cidade atraiu faculdades públicas e privadas, tem mais de 50 cursos superiores e abriga cerca de 300 professores com mestrado e doutorado.
Foi um docente que derrubou o grupo do vice-governador Luciano Barbosa, do PMDB, no ano passado, com 259 votos de diferença. Rogério Teófilo, do PSDB, mantém conversas frequentes com Renan Filho, mas está comprometido com o tucano Rui Palmeira, que pode se lançar ao governo. “Fui eleito em Arapiraca sem o poder dos caciques”, diz Teófilo.
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