Na Bahia, prefeitos rompem com aliados e apoiam ex-rivais ao governo do Estado

Petista Jerônimo Rodrigues diz ter atraído 23 prefeitos do PP, coligado com ACM Neto, que afirma ter agregado 15 prefeitos da base do atual governo petista para sua campanha

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Por Regina Bochicchio
Atualização:

A quinze dias para início da campanha eleitoral, pré-candidatos ao governo da Bahia disputam palmo-a-palmo o apoio de prefeitos filiados a partidos que não integram suas bases de apoio. A temporada dos gestores “vira-casaca” ganhou corpo nos últimos três meses com mais de 40 prefeitos que declararam oficialmente apoio ao candidato adversário do ponto de vista das coligações partidárias.

O número pode ser bem maior porque nem todas as mudanças de lado foram anunciadas oficialmente. O levantamento foi realizado pela reportagem com base nas declarações dos pré-candidatos, de prefeitos e divulgação das pré-campanhas.

Campanha de Jerônimo Rodrigues afirma ter mais apoios de prefeituras que a de ACM  Foto: Divulgação/Jerônimo Rodrigues e Werther Santana/Estadão

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O pré-candidato Jerônimo Rodrigues (PT), que tem como principal cabo eleitoral o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciou apoio de pelo menos 23 prefeitos dos partidos de oposição entre junho e julho. A maioria esmagadora do PP, principal partido de sustentação da coligação do pré-candidato ACM Neto (União Brasil).

Por sua vez, o ex-prefeito de Salvador e pré-candidato ACM Neto recebeu apoio público de pelo menos 15 de prefeitos filiados a partidos da base de apoio do PT no mesmo período. Boa parte deles filiados ao PSD, legenda com a maior musculatura eleitoral do Estado e da base de Jerônimo.

O ex-ministro e pré-candidato João Roma (PL), que apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL) na Bahia, conseguiu dois apoios da base netista. ACM Neto também retirou alguns supostos apoios de Roma. Os outros candidatos ao governo, Kleber Rosa (PSOL) e Giovani Damico (PCB), não têm apoios oficiais de prefeitos.

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Conta que não fecha

A disputa por quem tem mais apoio, aliás, quando somados tanto gestores de partidos das bases quanto dos que mudaram de lado, é uma conta que não fecha. ACM Neto afirma ter 200 gestores de apoio; Jerônimo diz que reúne cerca de 300 e João Roma três. O problema é que a Bahia tem 417 municípios. Se as contas dos pré-candidatos estiverem corretas, pelo menos 85 prefeitos estão, no mínimo, incertos.

Se Jerônimo Rodrigues afirma ter um número maior de gestores em seu apoio, por sua vez ACM Neto tem apoio de 18 prefeitos entre os 30 maiores colégios eleitorais do estado, que representam aproximadamente 50% do total baiano, de acordo com dados levantados a partir do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Quarto colégio eleitoral do País, a Bahia tem registrados 11,2 milhões de eleitores atualmente, segundo o TSE. Os 30 maiores colégios somam pouco mais de 5 milhões de pessoas aptas a votar. Nos municípios os quais ACM Neto exerce atual influência vivem quase que 3,8 milhões de eleitores.

A coligação de Jerônimo Rodrigues conta com 8 partidos (PT, MDB, PSD, PSB, PCdoB, PV, Avante e Patriota), a de ACM Neto com 13 (União Brasil, PP, Republicanos, PSDB, PDT, PSC, Solidariedade, Cidadania, Podemos, PRTB, PTB, DC e PMN) e a de João Roma tem 3 partidos (PL, PMB e PROS).

PP deixa a base de apoio de Rui Costa e apoia ACM Neto

Na Bahia, os “vira-casacas” são, principalmente, do PP e PSD, partidos que junto com o PT formavam a coligação que governava a Bahia com seus respectivos caciques: Rui Costa (PT), o vice-governador João Leão (PP) e o senador Otto Alencar (PSD). O PP, contudo, rompeu a aliança e decidiu apoiar ACM Neto.

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A briga é grande porque PP e PSD foram os partidos que mais elegeram prefeitos em 2020. O PSD fez 108 gestores e o PP, 92. Na sequência, o antigo DEM, de ACM Neto, fez 37 e o PT, 32. Apesar de o PL ter feito 20 prefeitos, somente três apoiam oficialmente João Roma.

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