Na véspera de atos, grupo de apoiadores de Bolsonaro passa por bloqueio e invade Esplanada

Com faixas e bandeiras a favor do governo, manifestantes se dirigiram para áreas próximas aos prédios do Congresso e do Supremo Tribunal Federal

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Foto do author Weslley Galzo

BRASÍLIA - Um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro furou o bloqueio de segurança montado pelo governo do Distrito Federal na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na noite desta segunda-feira, 6, e conseguiu entrar com carros e caminhões na Esplanada dos Ministérios, local onde ocorrerão as manifestações desta terça-feira, 7 de Setembro. Em vídeos divulgados por apoiadores do presidente, é possível ver as pessoas retirando barreiras que haviam sido colocadas e um início de confronto com a polícia. A circulação de veículos no local estava restrita desde a madrugada como medida preventiva. Apenas a passagem de pedestres estava permitida.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tentam passar pela barreira na frente do Itamaraty. Foto: ANTONIO MOLINA/FOTOARENA

"Momento histórico do Brasil, a invasão em Brasília", diz um manifestante não identificado pela reportagem que filmou a ação do grupo. "Acabamos de invadir, a polícia não deu conta de segurar o povo. E nós vamos invadir o STF amanhã", afirma.  Com faixas e bandeiras a favor do governo, o grupo se dirigiu para áreas próximas aos prédios do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, dois dos principais alvos dos manifestantes, mas foi contido antes de chegar à Praça dos Três Poderes. A convocação dos atos têm caráter antidemocrático ao pedir o fechamento dos Poderes e a "tomada de poder" por Bolsonaro com ajuda das Forças Armadas.

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Imagens da manifestação antecipada na Esplanada dos Ministério também mostram que houve um início de confronto entre os apoiadores do presidente e policiais, que tentaram dispersar o grupo usando spray de pimenta. Em um dos vídeos, um policial chega a sacar a arma enquanto é abordado por manifestantes. Em outro, algumas pessoas retiram grades de proteção colocadas para evitar que o ato chegue perto dos prédios do Congresso e do STF. Os caminhões e carros que invadiram o local ficaram concentrados próximo ao prédio do Itamaraty, um pouco antes de chegar à Praça dos Três Poderes.

Pelo Twitter, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, comemorou a entrada dos apoiadores na região da Esplanada. "Lindo ver Brasília ser tomada por pessoas de bem. Pessoas ordeiras, que só querem viver num país mais justo, mais livre e mais democrático. Tá bonito de ver!!! Viva o 07 de setembro!!!", escreveu, ao publicar um vídeo em que apoiadores do governo comemoram o rompimento do bloqueio policial por caminhões.

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Após a invasão na noite desta segunda-feira, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e a ministra Damares Alves (Mulheres e Direitos Humanos), foram até a Esplanada tirar fotos com os manifestantes. Em seu Instagram, ele publicou vídeos que mostram aglomerações, pessoas na caçamba de caminhonetes. Pelas imagens, é possível observar que poucas pessoas usam máscaras para evitar a proliferação da covid-19. No Distrito Federal, o uso do equipamento de proteção em locais públicos é obrigatório por lei e quem for pego sem pode ser multado em até R$ 2 mil. 

Em nota, a Secretaria de Segurança do DF informouque “manifestantes romperam barreiras de contenção colocadas na via para bloquear o trânsito de veículos” e que a Polícia Militar atuou para “restabelecer a situação”. “A Praça dos Três Poderes permanece interditada por gradil e linha de policiais”, conclui a nota.

A PMDF informou que todo o efetivo disponível estará empenhado na Esplanada dos Ministérios e nas imediações para fazer a segurança dos atos do dia 7 de Setembro. 

Além do contingente reforçado, os policiais farão uso de detectores de metal em linhas de revista pessoal para evitar que manifestantes armados tenham acesso ao à Esplanada. No dia 23 de agosto, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), alertou 24 governadores sobre a possibilidade de policiais militares irem com armas às ruas para atentar contra a democracia. Tropas especiais da PMDF estão escaladas para proteger a área e, caso seja necessário, devem reprimir ataques.

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