Brasília - Em uma sessão longa e tumultuada - bem diferente da pacata e amistosa reunião ocorrida horas antes com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -, o ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrielli disse à CPI que apura corrupção na estatal que os controles internos da empresa não são capazes de captar desvios.
Segundo o ex-executivo, os crimes assumidos pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e pelo ex-gerente de Serviços Pedro Barusco são “caso de polícia”. “O ato de corrupção ocorre na negociação externa à Petrobrás”, declarou. Costa e Barusco relataram ao Ministério Público que receberam propina de empreiteiras para tabular negócios com a petroleira. O dinheiro teria sido usado, segundo os delatores, para abastecer o PT, PMDB e PP.
Segundo Gabrielli, o pagamento ilícito de propina não pode ser identificado pelas auditorias internas porque o dinheiro era desviado do lucro que as empreiteiras obtinham com os negócios. Em várias ocasiões, o ex-presidente da estatal rebateu a afirmação de Barusco, feita na terça-feira, de que a corrupção passou ser “sistêmica” na Petrobrás em 2004. “Eu digo peremptoriamente que não há corrupção sistêmica na Petrobrás, e isso não quer dizer que não há corrupção na empresa”, disse,
O ex-dirigente também reiterou que os diretores da Petrobrás já estavam escolhidos quando ele assumiu a presidência da estatal, entre 2005 e 2012. “Critérios que governo adota para escolher diretores são critérios do governo”, disse.
O PT tentou blindar Gabrieli com manobras regimentais, mas a estratégia foi frustrada pelo presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB). No começo da sessão, o relator da comissão, Luís Sérgio (PT-RJ), fez uma série de longas perguntas técnicas para que a sabatina se estendesse até as 16h, quando ocorre a votação em plenário, que exige a presença dos deputados. O peemedebista, contudo, pediu que os colegas registrassem presença e voltassem para a CPI.
Foi a terceira vez que Gabrielli foi sabatinado por uma CPI sobre a estatal no último ano. Em 2014, duas comissões parlamentares de inquérito sobre o tema funcionaram no Congresso, sem resultados expressivos.
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