‘Não podia suspeitar que um golpe de Estado era urdido no Planalto’, diz Lewandowski sobre operação

Ministro da Justiça avalia que elementos apresentados pela PF não apontam participação de Bolsonaro, mas que investigações ainda continuam e devem ser concluídas em breve

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Foto do author Weslley Galzo
Atualização:

BRASÍLIA – O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, considerou grave a participação de militares num plano para tentar matar em 2022 o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira, 19, operação sobre um plano de golpe para impedir a posse de Lula que teria sido articulado por oficiais do Exército.

O ministro negou que tenha havido falha do governo em não identificar a participação de agentes da PF, com acesso ao presidente Lula, e de “kids pretos” das Forças Armadas na orquestração de um plano de golpe de Estado que envolvia o assassinato de autoridades. Segundo o ministro, nem sequer era possível suspeitar que uma ruptura era idealizada no Palácio do Planalto, à época ocupado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública Foto: Pedro Kirilos/Estadão

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“Não se podia suspeitar que um golpe estaria sendo urdido a partir do Palácio do Planalto”, afirmou. “Não é falha. Não havia falha nenhuma. As instituições trabalharam naquela época”, justificou. “É muito grave que pessoas formadas pelo Estado para o emprego lícito da violência pratiquem esse tipo de atentado contra o próprio Estado.”

O ministro avaliou que os elementos apresentados pela PF na Operação Contragolpe desta terça-feira não têm, “por enquanto”, o “nível de detalhe” que aponte o envolvimento de Bolsonaro no plano de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes. Em contrapartida, os agentes federais identificaram que o ex-ministro Walter Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, cedeu a sua casa para uma reunião do grupo de militares que orquestrou o golpe.

Lewandowski destacou que as investigações sobre uma tentativa de golpe entre outubro de 2022 e janeiro de 2023 devem ser concluídas nos próximos dias ou semanas. Bolsonaro é alvo desse inquérito. Ainda de acordo com o ministro, os crimes não ocorreram porque os suspeitos não tiveram oportunidades. “Em cada episódio desse, nós encontramos outras brechas possíveis na segurança”, afirmou.

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Lewandowski afirmou que a PF está “decepcionada por um dos seus ter participado dessa tentativa de golpe e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”. Ele afirmou que os protocolos de segurança das autoridades estão sendo atualizados e que, diante da gravidade dos fatos, não se descarta incrementar as medidas de proteção.

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