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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, avalia que o Brasil não hesitou para se posicionar a respeito do regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, no Conselho de Direitos Humanos da ONU. O Brasil decidiu não aderir a uma declaração de 54 países feita em Genebra, na última sexta-feira, com condenações ao regime de Ortega. A reação do governo brasileiro só aconteceu quatro dias depois, diante da reação interna e externa com o silêncio do País.
“Não se trata de suavizar, e sim de abrir espaço para o diálogo, que é parte essencial da diplomacia. O primeiro passo, na opinião do Brasil, deve ser sempre a tentativa de buscar um entendimento, quem conhece a história da política externa brasileira sabe disso”, afirmou o chanceler ao Estadão, em respostas encaminhadas através de sua assessoria.
Por que o governo decidiu não endossar a declaração de 54 países com condenações ao regime de Ortega?
Porque havia diferenças de linguagem e de enfoque, que não foi possível superar dentro do chamado “core group”. E porque, para o Brasil, não cabe neste momento a ênfase em sanções e é fundamental a abertura de um diálogo com o governo da Nicarágua e com todos os atores relevantes naquele país, como consta da nossa manifestação, e não consta na do grupo. Não abrimos mão de tentar o diálogo, não somente neste caso, é uma questão de princípio da diplomacia brasileira.
O que desagrada a diplomacia brasileira na declaração?
Não se trata de agradar ou desagradar, mas nosso enfoque é distinto, e não foi possível chegar a um consenso, por isso a declaração em separado do Brasil, o que acontece com muita frequência em reuniões multilaterais como a do Conselho.
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A hesitação em condenar ataques à democracia na Nicarágua encontra respaldo na tradição diplomática do Itamaraty?
Não houve qualquer hesitação deste governo. O âmbito do debate era o Conselho de Direitos Humanos. Como o assunto estava pautado para debate no Conselho de Direitos Humanos, achamos melhor tentar a via da negociação com os parceiros do core group, e esgotar os canais, antes de qualquer manifestação pública, que veio na reunião do próprio Conselho.
O que o Brasil espera ao trabalhar para suavizar a resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre a Nicarágua?
Não se trata de suavizar, e sim de abrir espaço para o diálogo, que é parte essencial da diplomacia. O primeiro passo, na opinião do Brasil, deve ser sempre a tentativa de buscar um entendimento, quem conhece a história da política externa brasileira sabe disso.