BRASÍLIA - Em um passeio de moto junto com o presidente Jair Bolsonaro, neste domingo, 25, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, negou que exista alguma disputa política com Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Na quinta-feira, 22, Salles fez críticas públicas a Ramos, dizendo em suas redes sociais que o militar mantém uma postura de "Maria Fofoca".
"Não tem briga nenhuma", disse Ramos quando questionado durante uma parada em um posto de gasolina. "Olha, tem uma definição, briga é quando (tem) duas pessoas", afirmou, em seguida dizendo que não está "brigando com ninguém". Sobre como está o clima no governo, Ramos se limitou a dizer: "Minha relação com o presidente (Bolsonaro) está excepcional como sempre".
Neste domingo, o militar acompanhou o presidente em passeio de moto por Brasília. Na parada no posto de gasolina, o chefe do Executivo fez um lanche e conversou com caminhoneiros. Nem o presidente, nem o seu ministro utilizavam máscara.
Sempre escoltados, Ramos e Bolsonaro seguiram depois para a uma parada em uma feira no Cruzeiro, região administrativa do Distrito Federal. O passeio presidencial pela cidade também contou com a participação do ministro da Casa Civil, Braga Netto. A comitiva saiu do Palácio da Alvorada por volta das 9h40. O presidente já estava de volta à residência oficial por volta das 11h30.
Até então, Ramos não tinha se manifestado publicamente sobre o caso. No sábado, contudo, o ministro recebeu o apoio coordenado de aliados no Congresso. Responsável pela articulação política do governo, o ministro foi elogiado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e lideranças partidárias e do governo.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também tomou partido na briga ao criticar Salles. "O ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo", escreveu Maia nas redes sociais.
Apesar das reações neste fim da semana, Salles agora já dá o caso como superado. Em entrevista ao Estadão, o ministro disse que, para ele, o assunto está "encerrado".
Enquanto Ramos tem o apoio da ala militar, dos líderes do governo, membros do Centrão, além dos chefes do Parlamento, Salles tem ao seu lado a ala ideológica do governo e parlamentares da base conservadora que apoiam Bolsonaro. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também é um dos que está no time de Salles. Já neste domingo, Eduardo citou uma série de medidas provisórias que caducaram no Congresso para, indiretamente, criticar Maia e reafirmar apoio a Salles. "Tem gente que é expert em tentar destruir o governo", escreveu listando as propostas.
O pano de fundo do impasse entre Ramos e Salles envolve uma suposta articulação do ministro palaciano para tirar Salles do governo. Conforme o Broadcast/Estadão mostrou, Salles tem informações de que Ramos atua para minar sua atuação na pasta do Meio Ambiente. O conflito se intensificou ainda mais depois que Salles soube que Ramos teria articulado com o Ministério da Economia maiores recursos para as pastas da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional. Já para o Meio Ambiente, o chefe da Secretaria de Governo teria sugerido reduções. A publicação feita pelo ministro Salles nas redes sociais escancarou o atrito que já vinha ocorrendo nos bastidores.
Na sexta-feira, os dois ministros acompanharam Bolsonaro em um evento da Força Aérea Brasileira e em um almoço que ocorreu em seguida. O presidente atua para mediar e apaziguar a relação entre os seus chefiados. No evento, Salles recebeu um abraço de Bolsonaro, enquanto Ramos observou. De lá, Salles e Ramos saíram com o compromisso de se reunirem pessoalmente em outro momento. O encontro, contudo, ainda não tem previsão para ocorrer. / COLABOROU MARCOS PEREIRA
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.